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Wesley Safadão e esposa são denunciados por furarem fila da vacina

MP acusa o casal e mais duas pessoas de peculato e corrupção passiva privilegiada

Por Juliana Alves Publicado em
Wesley Safadão e a esposa, Thyane Dantas
Wesley Safadão e a esposa, Thyane Dantas (Foto: Reprodução/Instagram)

O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) denunciou, nesta sexta-feira (4), o cantor Wesley Safadão, a esposa Thyane Dantas, a assessora do músico, Sabrina Brandão e a servidora da Secretaria de Saúde de Fortaleza Jeanine Maria Oliveira e Silva pelos crimes de peculato e corrupção passiva privilegiada.

De acordo com a investigação do Ministério Público, em 8 de julho de 2021, o cantor e a assessora estavam agendados para receber a primeira dose da vacina AstraZeneca no Centro de Eventos do Ceará. No entanto, Safadão, a esposa Thyane e a assessora seguiram para o North Shopping Jóquei, para receber a vacina da Janssen, aceita à época para ingresso nos Estados Unidos. O músico mantinha uma turnê com shows no mês de novembro em cinco cidades norte-americanas e, naquele momento, os imunizados com AstraZeneca ainda não estavam liberados para entrar nos país.

Além da escolha do imunizante ser ilegal à época, a esposa do músico não poderia ser vacinada pelo calendário definido pela Secretaria de Saúde, já que a vacinação estava autorizada para os cearenses com data de nascimento até 1988, e Thyane nasceu em 1991. A assessoria do cantor disse que Thyane havia recebido a vacina na xepa, doses que sobram no final do dia, mas o governo cearense negou.

Para o Grupo de Trabalho do MP, Safadão procurou então por uma vacina amplamente aceita no exterior e mobilizou servidores efetivos e terceirizados, além de assessores próximos, para receber a dose da vacina Janssen e contribuiu para o desvio de doses em favor da assessora e da esposa.

Conforme a denúncia, a articulação para o desvio dos imunizantes contou com a participação de oito investigados. Além dos três que receberam a vacina, um outro funcionário da equipe de Wesley, Marcelo da Silva Matos; uma amiga e ex-funcionária de Marcelo, Ellen Cristina Oliveira; um integrante da equipe de vacinação, Jorge Luís Alves de Freitas; o supervisor do posto de vacinação, Danilo Fernandes da Silva; e a servidora da SMS Jeanine Silva.

As investigações apuraram que Marcelo entrou em contato com Ellen porque sabia que a amiga tinha conhecidos e influência na rede municipal de saúde do município de Fortaleza. Ela acionou Jeanine, com atribuições no setor de logística de vacinas da Prefeitura. Depois, ligou para Jorge Luís, que naquele dia estava em serviço no Posto de Vacinação do North Shopping Jóquei, e o informou de que Ellen iria ao local levando três pessoas para serem vacinadas -- Wesley, Thyane e Sabrina.

Marcelo seguiu para o shopping com o trio e levou Sabrina até o local da vacinação onde dois funcionários da saúde a encaminharam para o setor de registro. Ele voltou ao estacionamento para buscar Wesley e Thyane, que foram vacinados sem passar pela triagem e sem conferência de documentos.

Segundo os promotores de Justiça que assinam a denúncia, não restam dúvidas sobre a prática dos delitos de peculato e corrupção passiva privilegiada por Wesley Safadão, Thyane Dantas, Sabrina Brandão e Jeanine Silva. Outros quatro investigados foram beneficiados por acordo com o Ministério Público.

Wesley, Thyane e Sabrina, recusaram a proposta do MP para o pagamento de multa de 360 salários mínimos para Wesley, 360 salários mínimos para Thyane e 25 salários mínimos para Sabrina, de forma que o valor total fosse designado para entidade pública ou privada com destinação social.

Em depoimento, ao ser questionada sobre os motivos do tratamento diferenciado dispensado ao casal, Thyane Dantas disse: "Eu acredito porque somos pessoas diferentes". Ao ser indagada em que sentido seriam pessoas diferentes, ela afirma: "No sentido de ser público e ter esse cuidado de não aglomerar. Talvez se ele (Wesley) sentasse ali na fila ia ter pedido de foto. Eu acredito que por isso que ele teve esse cuidado de colocar ali na frente".

Para o MPCE, não cabe a eles a escolha dos locais de vacinação, tampouco buscar benefícios com o intuito de supostamente evitar possível aglomeração.

Em nota, a defesa do cantor afirmou que "A denúncia por peculato e corrupção passiva privilegiada é um verdadeiro exagero e mais um abuso por parte do Ministério Público Estadual pois busca incriminar pessoas inocentes por fatos irrelevantes, não caracterizados como crime pela legislação penal".

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