Três filhotes de animais com risco de extinção nascem em parque de JP
Os filhotes ficarão de quatro a seis meses sob os cuidados especiais diários maternos e também de equipes de profissionais do parque
O Parque Zoobotânico Arruda Câmara, a Bica, em João Pessoa, foi o local em que três filhotes de animais ameaçados de extinção se reproduziram. Nasceram no local, um gato-do-mato, um bugio e um macaco galego. Essa espécie de primata, é considerada criticamente em perigo, que é o último grau antes da extinção, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Os filhotes ficarão de quatro a seis meses sob os cuidados especiais diários maternos e também de equipes de profissionais do parque.
“Uma das funções do zoológico é a conservação das espécies, a formação de banco genético e a reprodução com foco na reintrodução desses animais na natureza. A gestação assistida possibilita haver um nascimento mais seguro resultando numa taxa de natalidade maior do que se o parto ocorresse na natureza onde, em geral, estão expostos aos predadores e intempéries ambientais”, explica o veterinário Thiago Nery, chefe do setor de zoológico.
Essas espécies estão ameaçadas de extinção devido ao desmatamento, poluição, caça e atropelamento. “Quando acontece de termos espécies excedentes ou que possam ser reintroduzidas na natureza, são encaminhadas ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou outras instituições parceiras, que trabalham conjuntamente nessa rede que atua em ações pela conservação das espécies”, acrescentou Thiago Nery.
Essa medida poderá ser adotada no caso de uma das tartarugas-da-amazônia que vivem no Parque. Recentemente, uma delas colocou 80 ovos. Caso todos os ovos eclodam, o Parque Arruda Câmara não dispõe de espaço físico para comportá-los por se tratar de uma espécie de grande porte, que pode chegar a 90 centímetros de comprimento. Outros bichos nascidos no zoológico, como a raposa, guaxinim e o jacaré, foram transferidos ao Ibama para serem reintroduzidos ao seu habitat natural.
Entre os recém-nascidos, o filhote de gato-do-mato foi o primeiro a nascer, no dia 26 de agosto. Já os primatas nasceram no mês de setembro. O macaco bugio-preto nasceu no dia 27 e o macaco-prego-galego no dia 30. Mas os novos habitantes do Parque Arruda Câmara não estão sozinhos nessa aventura. Segundo a bióloga Helze Lins, somente este ano, vários bichos nasceram na Bica como o quati, guaxinim, jacaré-do-papo-amarelo, pato-do-mato, jacucacas, além de outros filhotes de macaco-galego e bugio.
A bióloga explica que vários cuidados com o recinto e a alimentação onde os filhotes se desenvolverão nos primeiros meses são essenciais. “Durante esse período, os animais não ficam na área comum junto com os outros da mesma espécie, com exceção da fêmea bugio-preta. Os animais ficam numa área que chamamos de maternidade ou cambiamento, para evitar acidentes envolvendo os filhotes, facilitar a limpeza e também para que eles fiquem mais tranquilos nesse período de adaptação”, destacou Helze Lins.
Esse período também requer cuidados extras com a alimentação. Durante essa primeira fase de vida, os filhotes mamam e para a mãe é acrescentada a sua dieta alimentar um suplemento vitamínico mineral. “Na verdade esse alimento é disponibilizado no período pré e pós-parto, pois auxilia no desenvolvimento do filhote durante o período gestacional, manutenção do peso corporal da mãe e na produção de leite materno para nutrição do filhote”, afirmou Cíntia Cleub, zootecnista do Parque.
Orientação – Nos recintos onde estão os recém-nascidos foram fixados cartazes indicando que os visitantes devem permanecer em silêncio durante a visitação para não perturbar o sossego dos animais. “A nossa equipe de educação ambiental orienta os grupos de visitantes a seguir as normas de conduta do Parque Arruda Câmara durante a visitação. Além do silêncio, os visitantes devem seguir regras como não alimentar os animais, utilizar as lixeiras para descartar os resíduos e respeitar as áreas de segurança existente entre os visitantes e os animais para evitar acidentes”, reforça Thiago Nery.
População consciente – A estudante Pérola Sofia, de 8 anos, ficou encantada com um dos novos habitantes do Parque: o filhote de bugio. E parou para observá-lo. “Ele é muito fofinho e fica sempre agarrado na mãe”, disse. Observou a placa orientando a fazer ‘silêncio’ devido à existência de um recém-nascido no local. “Acho importante porque ele é muito pequeno e deve ficar assustado com barulho”, observou.
A aposentada Maria do Socorro também gostou muito da Bica. “É a primeira vez que visito o parque. Gostei muito”. Ela ficou alguns minutos observando o recinto do bugio na esperança de ver o filhote, mas a fêmea preferiu se recolher. “Temos que ter paciência e respeitar o tempo de cada animal. Mais tarde eu volto”, disse.
Conheça um pouco mais sobre os filhotes:
Macaco-prego-galego – No Parque Arruda Câmara, habita um grupo de oito macacos, sendo três fêmeas, três machos e dois filhotes. Logo após o nascimento, o bebê macaco fica nas costas de sua mãe por várias semanas. Gostam de dieta variada incluindo frutas, flores, insetos, nozes e carnes. São extremamente inteligentes, com capacidade para resolver problemas. Eles possuem hábitos diurnos e vivem em grupos. Podem chegar a 60 centímetros de comprimento com cauda também longa. É uma espécie extremamente ameaçada de extinção.
Macaco bugio-preto – Na Bica, vivem uma fêmea, um jovem e dois filhotes. Corpo forte e cauda longa. O macho é preto e a fêmea da cor marrom – um fenômeno dimorfismo sexual, quando o macho e a fêmea de uma mesma espécie são diferentes externamente. Sua característica mais marcante é o som emitido que pode ser escutado a longas distâncias que pode indicar que é hora de alimentar-se, ficar alerta ou acasalar-se. Alimentam-se basicamente de folhas, mas ingerem flores e frutos. É uma espécie considerada ameaçada de extinção.
Gato-do-mato–pequeno – Além do filhote, vive um casal da espécie. É um dos menores felinos no Brasil, com tamanho e proporções semelhantes as do gato doméstico. Na natureza pode viver entre 12 a 15 anos. Tem hábitos noturnos, é solitário e pouco sociável. Se alimenta de roedores, lebres, pequenos lagartos, insetos e ocasionalmente sapos e peixes. Devido o desmatamento, caça e atropelamento, a espécie é considerada ‘vulnerável’ para extinção