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Saiba quais foram as principais fake news da semana

As palavras mais buscadas no Boatos.org nos últimos sete dias foram, em ordem decrescente, Ivermectina, vacina, WhatsApp, Eu não autorizo, Noruega, WhatsApp, Oxigênio da Venezuela, Vacinaja, Alexandre Garcia e Venezuela.

Por Renata Nunes Publicado em
Boatos.org
Boatos.org (Imagem: Reprodução)

Cloroquina: de aposta errada a uma das maiores fake news da pandemia

No A Semana em Fakes, o Boatos.org relembra como, ao bancar a cloroquina (ou a hidroxicloroquina) sem ter certeza da eficácia, governos ajudaram a sustentar uma das maiores fake news da pandemia.

O dia era 19 de março de 2020. Em uma entrevista coletiva, Donald Trump, então presidente dos Estados Unidos, anunciou que o país iria começar a testar uma “droga muito promissora” contra a Covid-19. Tratava-se da hidroxicloroquina.

Mesmo com alertas, como esse da Anvisa (que não está mais no ar, mas virou notícia) de que não havia evidências científicas de que a cloroquina poderia curar a Covid-19, tivemos que desmentir o primeiro fake sobre o assunto no dia 21 de março de 2020. Na ocasião, desmentimos um texto que falava falsamente que a tal “evidência científica” havia surgido nos Estados Unidos.

Infelizmente, desmentir notícias falsas é, em alguns casos, pregar no deserto. Tanto que, cinco dias após a fala “animada” de Trump e três após o primeiro fake, Jair Bolsonaro “contou”, no desastroso pronunciamento de 24 de março, que a “cura” estava na cloroquina.

Ao falar em rede nacional que a cloroquina era a esperança de cura da Covid-19 (entre outros absurdos) e mandar o Exército “ampliar” a produção do antimalárico, Bolsonaro apostou alto no remédio. No pôquer, isso seria o equivalente a dar um “all-in” no “pré-flop” (apostar todas as fichas antes mesmo das cartas estarem na mesa). E aí começaram os problemas.

Ao apostar tudo na cloroquina (que, na época não era o único medicamento que estava sendo testado contra a Covid-19, e não foi o único a ser reprovado), Bolsonaro, no mínimo, “motivou” aliados e correligionários a espalharem informações falsas que visavam fortalecer a tese não comprovada de que a cloroquina é a cura.

Em um primeiro momento, quando a cloroquina estava sendo testada, começaram a pipocar informações falsas sobre a esperada comprovação científica e aspas de “promotores” (mesmo indo contra a ciência) do fármaco.

Teve informação falsa de que o FDA havia liberado a droga nos EUA, que um médico petista criou uma pesquisa falsa para descreditar o medicamento, que a Itália “comprovou a cura pela cloroquina” e que o Cremesp havia publicado um protocolo no Brasil.

Em alguns casos, as fake news se baseavam em blefes. Porém, a tese de que a cloroquina “cura a Covid” caiu por terra no dia 4 de julho de 2020, quando a OMS recomendou a descontinuação de testes com o fármaco.

A decisão da OMS deveria causar resignação por parte dos governos do Brasil e Estados Unidos. Afinal, as apostas estavam erradas e o momento era de admitir isso. Não foi o que ocorreu. Talvez por ter um estoque do fármaco por anos, Bolsonaro não recuou da tese de que o remédio curaria. Naquele mês, Bolsonaro (que havia contraído a Covid-19) apareceu em uma icônica foto “oferecendo” hidroxicloroquina para uma ema. E os fakes continuaram.

O tom dos fakes mudaram. A partir da negativa da OMS, começou-se a se disseminar a tese de que “só Bolsonaro estava certo”. Falas de médicos negacionistas dos Estados UnidosEspanha e de outros países (como o Brasil) se somavam a estudos iniciais e sem revisão que apontariam para o remédio como a cura. Tudo para tentar defender o que já era indefensável.

Passados 10 meses do pronunciamento de Bolsonaro, ainda há a insistência de que o remédio seria a cura. Nesta semana, tivemos que desmentir informações falsas de que o médico Anthony Wong foi morto em uma conspiração por defender a cloroquina e que Biden resolveu “só agora” (que derrubou Trump) aprovar o remédio.

Além dos dois fakes, foi revelado, apesar de falar do ministro da Saúde de que nunca a cloroquina foi recomendada, de que um aplicativo do ministério da Saúde recomendava o chamado “tratamento precoce” com cloroquina até para crianças com Covid-19.

Ou seja: em tempos no qual estamos brigando para ter mais doses de vacinas para chegarmos à chamada imunidade de rebanho, fantasmas como a cloroquina ainda confundem a população e tentam maquiar um fato: Bolsonaro (assim como Trump) apostou tudo na cloroquina em vez de incentivar outras medidas (como o isolamento social e as vacinas) e, neste caso, perdeu.

Trends da semana

As palavras mais buscadas no Boatos.org nos últimos sete dias foram, em ordem decrescente, IvermectinavacinaWhatsApp, Eu não autorizo, Noruega, WhatsApp, Oxigênio da VenezuelaVacinajaAlexandre Garcia e Venezuela.

Os desmentidos mais lidos do Boatos.org nos últimos 7 dias foram, em ordem decrescente, o desmentido de uma corrente que apontava que as pessoas estariam livres dos novos termos de uso do WhatsApp se compartilhassem uma mensagem que começava com “Eu não Autorizo”, um desmentido sobre um avião da FAB que teria passado entre as torres do Congresso, a história que apontava que a Venezuela não havia doado oxigênio para o Amazonas, uma história falsa que apontava que um fazendeiro do Piauí havia matado nove traficantes e a tese falsa de que o filho de Lula seria dono de 20% da Sinovac.

A matéria sobre o filho do ex-presidente também foi a que teve mais engajamento na semana no Twitter. A matéria sobre o oxigênio da Venezuela foi a mais compartilhada na semana no Facebook. Já no Instagram, o texto com maior engajamento era o que desmentia a fala de um enfermeiro de Cabo Frio sobre as vacinas.

No YouTube, o conteúdo mais visto da semana foi o que desmentia a tese da mensagem “Eu não Autorizo” no WhatsApp. Por fim, o conteúdo mais visto da semana no Telegram era o que falava que a Sephora estaria fechando e dando brindes.

Edgard Matsuki é editor do site Boatos.org



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