PL tem campanha em João Pessoa sem Nilvan, Cabo Gilberto e Walber? leia análise
Josival Pereira analisa a difícil missão de Bolsonaro em unificar o PL na Paraíba
O ex-presidente Jair Bolsonaro deu a senha em discurso no ato de filiação do ex-ministro Marcelo Queiroga ao PL: o mais importante não seriam nomes, mas as bandeiras do conservadorismo.
Com o argumento, tentava justificar a rifa que a cúpula estava fazendo dos nomes do bolsonarismo em João Pessoa - Nilvan Ferreira, Cabo Gilberto e Walber Virgolino - para a imposição da candidatura de seu ex-ministro da Saúde. A crença é de que a força do discurso é maior do que a liderança pessoal, o trabalho de base, o vínculo direto do candidato com o eleitor. Dá para entender: foi o que aconteceu com Bolsonaro em 2018.
Mas cabe questionamento: as fórmulas políticas se repetem?
É muito mais arriscado do que se imagina. Há uma máxima na política que as eleições não se repetem e existe uma verdade insofismável: o vínculo direto dos candidatos com as bases é essencial em qualquer disputa eleitoral.
Nesse contexto, impõem-se a pergunta: o PL tem condições de fazer campanha em João Pessoa sem as presenças de Nilvan Ferreira e dos deputados Cabo Gilberto e Walber Virgolino no palanque?
Reparando-se os resultados das últimas eleições, a resposta será não, embora se ressalve que ninguém é insubstituível e tudo é possível na política. Mas não há como contestar que esses três nomes encarnam o bolsonarismo e o PL na capital.
O comunicador Nilvan Ferreira foi o mais votado no primeiro turno das eleições para governador, com 31,10% dos votos. Traz ainda o fato de ter disputado o segundo das eleições para prefeito em 2020 disputando pelo MDB.
Cabo Gilberto foi o deputado federal mais votado, com 14,13% da votação (58.306 votos), sendo mais votado que Mersinho Lucena, filho do prefeito Cícero Lucena e Walber Virgolino foi o deputado estadual mais votado, com 7,60% dos votos válidos (31.463), quase o dobro do segundo mais votado - Tanilson Soares, que ficou com 3,93% da votação.
Outro bolsonarista com atuação local, o Pastor Sérgio, embora não filiado ao PL, foi o mais votado na disputa para senador, tendo obtido 27,99%.
Interessante se observar dois detalhes nos resultados: os candidatos conservadores que disputaram cargos majoritários - Nilvan Ferreira e Pastor Sérgio - obtiveram votações que as colocariam no segundo turno de qualquer eleição para prefeito em João Pessoa.
Na operação que está realizando, o PL está dispensando sua identidade e, apesar de recente, sua história local, em troca de uma identidade totalmente nova. Vai arriscar somente no discurso do conservadorismo, na estrutura de campanha (mais rica) e no apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. Não deixa de ser uma operação de muito risco. Pode faltar base.
Daí que o próprio Bolsonaro já avisou que a missão de unificar o PL na Paraíba é muito difícil. É o problema, um problemão, da direita na Paraíba.
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