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nesta sexta-feira (2)

Paraíba tem ato contra instalação de parques eólicos e usinas solares

Manifestação é uma feira agroecológica organizada pela juventude do Polo da Borborema na praça da Bandeira, nesta sexta-feira

Por Carlos Rocha Publicado em
Paraíba tem ato contra a instalação dos parques eólicos e usinas solares
Paraíba tem ato contra a instalação dos parques eólicos e usinas solares (Foto: ONG AS-PTA)

Jovens que pertencem a famílias do Borborema Agroecológica organizaram um ato de manifestação contra a instalação dos parques eólicos e usinas solares. O protesto está previsto para ocorrer nesta sexta-feira (2), na praça da Bandeira, centro de Campina Grande. A cidade é polo do território da Borborema. O evento foi nomeado como IX Feira Agroecológica e Cultural da Juventude.

Além dos/as feirantes, cerca de 500 jovens do campo sairão dos sítios, comunidades e assentamentos de nove municípios - Solânea, Arara, Remígio, Esperança, Areial, Montadas, Lagoa Seca, Alagoa Nova e Queimadas - para ocupar a praça e chamar a atenção da sociedade para as consequências, apontadas por eles como ameaça, com a chegada de indústrias geradoras de energia a partir dos ventos e do sol.

“A feira terá dois objetivos principais. Um é a comercialização dos produtos agroecológicos produzidos pelos jovens. Será um espaço para dar visibilidade ao trabalho dos jovens agricultores em suas propriedades. E o outro é dialogar com a sociedade quais os nossos anseios, as nossas bandeiras de luta. Estamos aí com uma problemática muito forte que é a chegada de grandes parques eólicos e usinas solares. Entendemos, enquanto juventude, que esse modelo de energia renovável não é benéfico para agricultura familiar”, diz Adailma Ezequiel, jovem agricultora do Sítio Lutador, em Queimadas, e integrante da Comissão Executiva da Juventude e da Coordenação Política do Polo da Borborema.

E complementa: “No nosso território, as famílias agricultoras têm pequenos pedaços de terra que se forem ocupados por usinas solares, aerogeradores, impedem que o/a jovem produza os alimentos e criem seus animais. Isso prejudica a vida no campo e também a quem mora nas cidades, porque diminuindo a produção no campo, a cidade também vai sentir.”

O alimento agroecológico, livre de agrotóxicos e de transgenia, produzido no território de atuação do Polo da Borborema chegam para a população urbana via feiras livres, feiras agroecológicas e Quitandas da Borborema, instaladas em cinco municípios da região - Esperança, Remígio, Lagoa Seca, Queimadas e Solânea.

IX Feira Agroecológica e Cultural

Toda primeira sexta-feira do mês, a praça da Bandeira já é palco de uma feira agroecológica organizada pelo projeto Territórios Livres da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) e a edição de dezembro vai ser bem festiva e grandiosa com a presença das juventudes rurais. A quantidade de barracas vai ter um reforço de mais 17 com oferta de alimentos in natura e beneficiados produzidos pelos jovens.

No espaço será montada uma exposição fotográfica para aproximar quem for à praça da realidade das comunidades rurais onde se instalam as indústrias energéticas.

De acordo com os organizadores do ato, a produção de energia de forma centralizada implica na redução da produção de alimentos, o que afeta diretamente a vida de quem vive no campo e nos centros urbanos, uma vez que 70% da comida que alimenta os brasileiros/as vêm da agricultura familiar. Eles apontam ainda que não são contra as energias renováveis. Mas, contra o modelo de produção dessa energia.

“Somos a favor da energia renovável, mas de uma energia que seja produzida de forma descentralizada que vai fazer com que nós nos afastemos de nossas raízes, de nossas culturas enquanto famílias agricultoras agroecológicas”, frisa Adailma.

Os manifestantes ressaltam que o território da Borborema é uma das mais importantes zonas agroecológicas do Brasil pela quantidade de famílias envolvidas na produção de alimentos saudáveis, pela diversidade de iniciativas realizadas pelos jovens, mulheres, homens, crianças e pela capacidade de produção de alimentos livres de agrotóxicos e transgenia.

Uma das ações será evidenciar a capacidade de produção de alimentos dessa região. Segundo manifestantes, nas cinco entregas de cestas agroecólogicas organizadas pelo Polo da Borborema, de 2020 até julho desse ano, foram doados 119 toneladas de alimentos agroecológicos que sairam dos quintais, roçados e cozinhas das famílias agricultoras. De acordo com eles, esses alimentos mataram a fome de cerca de quatro mil famílias e 20 mil pessoas por alguns dias.

As iniciativas ou projetos, que envolvem aproximadamente 5 mil famílias agricultoras de 13 municípios, são realizados pelos sindicatos rurais que integram o Polo da Borborema, um coletivo formado por 13 sindicatos e cerca de 150 associações comunitárias. A organização das famílias agricultoras agroecológicas promovida pelo Polo deu origem a uma Associação Regional, a EcoBorborema, e a uma cooperativa estadual, a CoopBorborema. O Polo tem a assessoria da ONG AS-PTA.



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