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"Não é racismo, só não quero ser atendida por um negro", reclama cliente em lanchonete na PB

O caso aconteceu com o funcionário de uma lanchonete da cidade de Campina Grande, que desabafou: "foi a primeira vez que fui atingido de uma forma tão brusca"

Por Carlos Rocha Publicado em
Injuria racial campina grande

Um contato após o atendimento em uma lanchonete da cidade de Campina Grande resultou em boletim de ocorrência e abertura de investigação na 6ª Delegacia Distrital da cidade. Tudo aconteceu na última terça-feira (8) após uma cliente fazer uma reclamação. A insatisfação da mulher foi por ter sido atendida por um negro.

A mensagem chegou através do aplicativo Whatsapp do estabelecimento. O texto, que aparentemente foi escrito por uma mulher, diz que o jovem foi educado, mas a "pele escura" do rapaz "mancha a imagem" do estabelecimento.

"Então, fui atendida por um rapaz de pele escura hoje, com minha família. Eu acho que uma lanchonete do seu porte não deveria admitir isso. Isso é ruim, mancha a imagem da sua lanchonete. Não é questão de racismo, é só que não sou obrigada a ser atendida por um negro. Foi até um rapaz educado conosco, mas a cor dele não se nega, entende? O que incomoda é a questão de ser atendida por ele mesmo, isso desrespeita meu lugar e da minha família. Acho que cada um tem que se por no devido lugar, o atendente no dele", escreveu.

Ao ver a reclamação, a dona do estabelecimento chegou a rebater a mulher, mas resolveu procurar a delegacia para denunciar o crime de racismo. De acordo com a assessoria da Polícia Civil, a delegada da 6ª Delegacia Distrital, Mairam Moura, deve ter acesso ao B.O nesta quinta-feira (10) e iniciará a investigação

O rapaz, que trabalha no local há três meses revelou que ficou muito triste ao saber que mesmo atendendo da melhor maneira possível foi tratado dessa forma. Gabriel Akhenaton revelou que no decorrer de sua vida já passou por vários episódios de injúria racial, mas esse foi o pior.

"De perseguições relacionadas a racismo eu sempre fui alvo, mas foi a primeira vez que fui atingido de uma forma tão brusca", disse o Gabriel.

A imagem contendo as mensagens viralizaram nas redes sociais e causaram revolta. Internautas prestaram solidariedade ao rapaz e passaram a pedir justiça.

A delegada Mairam Moura disse que as mensagens caracterizam dois crimes, o de racismo e o de injúria racial. Ela informou que o ataque pessoal pela cor da pele configura injúria, já o ataque que fere a população negra em geral, como foi o caso, é considerado racismo.

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