Na Paraíba, pastor ameaça fiéis que votarem na esquerda
Caso aconteceu na igreja Nova Vida, em Campina Grande
Começou a circular nas redes sociais e ganhou repercussão nesta segunda-feira (24) o vídeo que mostra um pastor ameaçando tomar medidas contra fiéis que votarem na esquerda. Ele chega a mencionar algumas fake news para justificar a sua ação, como a suposta implementação de banheiros unissex em escolas. Na pregação, ele ameaça tirar os que não votam no mesmo candidato que ele dos cargos e sugere procurar outra igreja.
No púlpito, pastor ameaça tomar medidas contra fiéis que votarem na esquerda. "Membro dessa igreja não vai ser". Caso aconteceu na igreja Nova Vida, em Campina Grande. pic.twitter.com/t3LIZqh439
— Carlos Rocha ???? (@CarlosRocha_) October 25, 2022
O religioso em questão é Robson Fernandes, líder da Igreja Nova Vida em Campina Grande, Agreste da Paraíba. Em seu discurso ele alerta que vai procurar saber em quem os membros votam. Sugere que votar na esquerda e estar em sua igreja é uma incoerência.
"Membro dessa igreja não vai ser, e nem vai ficar em departamento pra dar aula para criança e adolescentes. Isso é uma incoerência", diz em um trecho do vídeo.
Apesar dos casos de assédio eleitoral religioso terem se intensificado desde 2018, o Brasil ainda não possui uma legislação específica para tal. De acordo com uma reportagem do Correio Braziliense, houve um esforço na Justiça Eleitoral de buscar incluir o abuso de poder religioso como uma forma de abuso eleitoral. Mas não há legislação sobre isso, e a tentativa de se fazer por interpretação do TSE também não foi aceita.
Em 2020, O então presidente do TSE, Edson Fachin, propôs um novo entendimento, no sentido de se admitir que o abuso de poder religioso pudesse ser investigado como interferência no processo eleitoral. O ministro argumentou que a separação entre Estado e religião era necessária para garantir ao cidadão autonomia na escolha de representantes políticos.
O magistrado salientou que a Justiça Eleitoral deveria impedir que qualquer força coagisse moral ou espiritualmente a plena liberdade de voto.
No entanto, a Corte, por maioria de votos, rejeitou a possibilidade de apuração da prática abusiva por parte de autoridades religiosas.