Morador retirado da Dubai testa positivo para Covid-19 em abrigo
A informação foi confirmada pelo serviço social da UPA de Valentina Figueiredo
Deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Valentina Figueiredo, em João Pessoa, nesta quinta-feira (25), um rapaz de 22 anos que testou positivo para Covid-19 em um dos ginásios que estão sendo usados como abrigo temporário para famílias retiradas da comunidade "Dubai". A informação foi confirmada pelo serviço social da unidade de saúde.
De acordo com a vigilância sanitária da capital paraibana, testes para Covid-19 estão sendo realizados entre as famílias retiradas da área de preservação ambiental de Mata Atlântica. O caso desta quinta-feira (25), extraoficialmente, seria o terceiro, já que, segundo líderes comunitários, duas pessoas estariam contaminadas pelo novo coronavírus. Elas foram isoladas do grupo por decisão dos próprios moradores.
A chefe de vigilância em saúde, Aline Grisi, em reunião realizada nesta quarta-feira (24), chegou a mencionar a preocupação com possíveis casos de disseminação do coronavírus entre os moradores. Diante da possibilidade dos casos de Covid-19 se agravarem por causa da moradia temporária e precária, ela garantiu dar continuidade às testagens e às aplicações de vacinas nos alojamentos, com o intuito de regularizar o calendário vacinal dos moradores.
A desocupação
Famílias foram retiradas de uma ocupação em uma área de preservação ambiental de Mata Atlântica, em João Pessoa, na manhã da última terça-feira (23). Elas foram acolhidas na quadra esportiva de uma escola pública no bairro Valentina de Figueiredo. A comunidade Dubai foi alvo de uma operação de desapropriação autorizada pela Justiça da Paraíba, com 600 policiais militares.
A secretária de Habitação de João Pessoa, Socorro Gadelha, disse ao Portal T5 que as famílias foram recebidas por 95 assistentes sociais no Centro Profissionalizante Deputado Antonio Cabral (CPDAC). Após o acolhimento, haverá cadastramento das pessoas para programas de benefício, como o auxílio aluguel, fornecido pela prefeitura.
Reflorestamento
Cerca de 15 hectares da área de Mata Atlântica que foram desmatados devem passar por reflorestamento, conforme decisão judicial. "A área será totalmente cercada, e a Prefeitura fará a recuperação do bem ambiental, como exigido por lei, ou projeto compensatório de interesse público", disse o promotor de Justiça Carlos Romero Paulo Neto.
Em setembro deste ano, o Portal T5 denunciou, com exclusividade, o desmatamento de 13 hectares de Mata Atlântica por famílias em vulnerabilidade em busca de moradia. Cerca de 1.500 pessoas vivem abrigadas em construções de risco, rodeadas pelo desmatamento que corresponde a 13 campos de futebol.
No início de novembro, a PM prendeu o suspeito de comandar a ocupação. Conhecido como 'Sheik', o homem foi detido com R$ 67 mil em espécie, cocaína e um revólver.
Em reportagem publicada pelo Portal T5 no início deste mês, o promotor admitiu que famílias vivem em vulnerabilidade na localidade, mas, com base em investigações, acredita-se que a carência é uma das menores demandas da ocupação. "O problema social realmente existe porque há pessoas vulneráveis lá, mas isso é em menor proporção. Relatórios da polícia apontam que existe grilagem de terras. O que existe é uma organização criminosa de elementos visando demarcar território e fazer caixa, arrecadar dinheiro para o tráfico de drogas através da venda de terrenos", concluiu.
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