Lula é recebido na Assembleia da República de Portugal sob protestos
Discurso do presidente foi interrompido por parlamentares da extrema-direita
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta terça-feira (25), na Assembleia da República de Portugal, de uma sessão solene em comemoração ao 49º aniversário da Revolução dos Cravos. A data marca o fim da ditadura em Portugal, que ocorreu em 1974.
Dentro do plenário, Lula iniciou o discurso falando da Revolução dos Cravos que, segundo ele, "permitiu que Portugal desse um verdadeiro salto para o futuro. O movimento iniciado pelos Capitães de Abril há exatos 49 anos reconquistou as liberdades civis, a participação política dos cidadãos, a democratização política, os direitos trabalhistas e a livre organização sindical, criando as bases para o desenvolvimento econômico com justiça social".
Durante o pronunciamento, parlamentares do partido de extrema-direita Chega fizeram um protesto. Ele levantaram cartazes com os dizeres "chega de corrupção". A manifestação foi respondida com aplausos a Lula por integrantes das outras bancadas durante cerca de 1 minuto. O presidente do Parlamento português, Santos Silva, do Partido Socialista (PS), interveio e cobrou respeito.
"Os deputados que quiserem permanecer em plenário deverão agir com educação, com respeito. Chega de insultos, chega de envergonhar as instituições, chega de envergonhar o nome de Portugal", disse.
Em seguida, o presidente Lula voltou a criticar o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Disse que "a democracia no Brasil viveu recentemente momentos de grave ameaça. Saudosos do autoritarismo tentaram atrasar nosso relógio em 50 anos e reverter as liberdades que conquistamos desde a transição democrática. Os ataques foram constantes".
E completou: "No Brasil vivemos a consequência trágica de demagogos, negacionistas durante a pandemia. 700 mil brasileiros morreram vítimas do COVID. Metade dessas mortes poderiam ser evitadas se não fossem as fake news, o atraso na obtenção de vacinas e a negação da ciência feita pela extrema direita no meu país".
Guerra na Ucrânia
Lula chamou de "demagogos" políticos contrários à integração europeia, voltou a condenar a violação da integridade territorial da Ucrânia e defendeu a ampliação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia. Acreditamos em uma ordem internacional fundada no respeito ao Direito Internacional e na preservação das soberanias nacionais. A cada dia que os combates prosseguem, aumenta o sofrimento humano, a perda de vidas, a destruição de lares (...) Todos nós fomos afetados, de alguma forma, pelas consequências da guerra. É preciso falar da paz. Para chegar a esse objetivo, é indispensável trilhar o caminho pelo diálogo e pela diplomacia", disse o presidente Lula.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva finalizou dizendo: "Que Deus abençoe Portugal, abençoe o Brasil, e viva a liberdade e a democracia. E não ao fascismo político e injusto". Segundo um jornal português, Santos Silva pediu formalmente desculpas ao presidente em nome do Parlamento pelo ocorrido logo após a solenidade.
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