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Lula é recebido na Assembleia da República de Portugal sob protestos

Discurso do presidente foi interrompido por parlamentares da extrema-direita

Por Rinaldo Pedrosa Publicado em
Lula participou de uma sessão solene em comemoração ao 49º aniversário da Revolução dos Cravos
Lula participou de uma sessão solene em comemoração ao 49º aniversário da Revolução dos Cravos (Foto: Ricardo Stuckert)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta terça-feira (25), na Assembleia da República de Portugal, de uma sessão solene em comemoração ao 49º aniversário da Revolução dos Cravos. A data marca o fim da ditadura em Portugal, que ocorreu em 1974.

Dentro do plenário, Lula iniciou o discurso falando da Revolução dos Cravos que, segundo ele, "permitiu que Portugal desse um verdadeiro salto para o futuro. O movimento iniciado pelos Capitães de Abril há exatos 49 anos reconquistou as liberdades civis, a participação política dos cidadãos, a democratização política, os direitos trabalhistas e a livre organização sindical, criando as bases para o desenvolvimento econômico com justiça social".

Durante o pronunciamento, parlamentares do partido de extrema-direita Chega fizeram um protesto. Ele levantaram cartazes com os dizeres "chega de corrupção". A manifestação foi respondida com aplausos a Lula por integrantes das outras bancadas durante cerca de 1 minuto. O presidente do Parlamento português, Santos Silva, do Partido Socialista (PS), interveio e cobrou respeito.

"Os deputados que quiserem permanecer em plenário deverão agir com educação, com respeito. Chega de insultos, chega de envergonhar as instituições, chega de envergonhar o nome de Portugal", disse.

Em seguida, o presidente Lula voltou a criticar o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Disse que "a democracia no Brasil viveu recentemente momentos de grave ameaça. Saudosos do autoritarismo tentaram atrasar nosso relógio em 50 anos e reverter as liberdades que conquistamos desde a transição democrática. Os ataques foram constantes".

E completou: "No Brasil vivemos a consequência trágica de demagogos, negacionistas durante a pandemia. 700 mil brasileiros morreram vítimas do COVID. Metade dessas mortes poderiam ser evitadas se não fossem as fake news, o atraso na obtenção de vacinas e a negação da ciência feita pela extrema direita no meu país".

Guerra na Ucrânia

Lula chamou de "demagogos" políticos contrários à integração europeia, voltou a condenar a violação da integridade territorial da Ucrânia e defendeu a ampliação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia. Acreditamos em uma ordem internacional fundada no respeito ao Direito Internacional e na preservação das soberanias nacionais. A cada dia que os combates prosseguem, aumenta o sofrimento humano, a perda de vidas, a destruição de lares (...) Todos nós fomos afetados, de alguma forma, pelas consequências da guerra. É preciso falar da paz. Para chegar a esse objetivo, é indispensável trilhar o caminho pelo diálogo e pela diplomacia", disse o presidente Lula.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva finalizou dizendo: "Que Deus abençoe Portugal, abençoe o Brasil, e viva a liberdade e a democracia. E não ao fascismo político e injusto". Segundo um jornal português, Santos Silva pediu formalmente desculpas ao presidente em nome do Parlamento pelo ocorrido logo após a solenidade.

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