Líder comunitário assassinado na PB chegou a falar de morte com a mãe
A mãe contou que o filho chegou a dizer: "Se a senhora me ver no caixão, vai me ver por eu estar lutando pelo povo"
Foi enterrado no final da tarde desta sexta-feira (18) o corpo do jovem Kevyn Eduardo Souza, de 18 anos. Ele era líder comunitário e foi assassinado no bairro Gramame, região do Colinas do Sul, na tarde da quinta-feira (17). A família pediu para que o crime não caia do esquecimento e que seja feita a justiça. A mãe chegou a relatar que em uma ocasião o filho chegou a fazer um comentário sobre morte.
O velório do rapaz foi realizado no ginásio de esportes do colégio Raimundo Nonato, no Colinas do Sul. Ele era conhecido na região por conta do envolvimento com as lutas sociais. A companheira dele está grávida de 7 meses e até agora a família e amigos não entendem qual teria sido a razão para o assassinato.
"Ele era uma pessoa bem relacionada tinha muitos amigos e nunca relatou para a família se tinha alguma desavença ou se tinha sofrido algum tipo de ameaça. A família está completamente desestruturada, angustiada, sofrendo por uma pessoa que não era ruim, por uma pessoa que só procurava buscar fazer o bem e ajudar os outros. A família está dilacerada", disse a dona Marlene, mãe de Kevyn.
Marlene explicou que o filho sempre teve o objetivo de ajudar os outros. Afirmou que ele tinha a motivação conseguir moradia para pessoas da comunidade e abraçava essa causa.
"Ele fazia um trabalho comunitário, tentava ajudar as pessoas, participou da invasão porque as pessoas buscaram a ele como ajuda porque não tinham moradia. O objetivo dele com outros representantes foi trazer moradia para as pessoas e conseguiram. Hoje tem pessoas lá que tem moradia por causa dele", continuou.
A mãe do jovem compartilhou que o filho tinha um desejo de seguir carreira política. Afirmou que ele tinha desejo de ser vereador e que chegou a comentar que se estivesse em um caixão, seria por sua luta pelo povo.
"Foi um sonho interrompido. Ele tinha um sonho de ser vereador. Ele dizia: 'Mãe, se a senhora me tirar da cadeia, a senhora vai me tirar porque eu estava lutando pelo povo'. Ele me disse: 'Se a senhora me ver no caixão, vai me ver por eu estar lutando pelo povo'", disse com voz embargada.
Marlene, apesar de pedir justiça, se mostrou desacreditada. Afirmou que a justiça terrena é cheia de brechas e que entrega nas mãos de Deus para que a justiça seja feita.
"A gente vê a justiça tão falha. A justiça terrena é tão cheia de brecha, tão cheia de coisas erradas. A gente que passa por um momento como esse só entrega para Deus, porque a gente sabe que somente dele que vem a justiça", finalizou.
O crime está sendo investigado pela Polícia Civil.