Kidults: adultos que preservam a paixão por brinquedos aquecem mercado
Alguns "kidults" também compartilham sua paixão na internet e em lojas físicas
Um grupo de adultos que mantém viva a paixão por brinquedos. Esses são os chamado de "kidults". Sergio, um colecionador de bonecas Susi, que mora em são Paulo, é um deles, e sua trajetória começou quando ele tinha apenas 18 anos. Hoje, não se trata apenas de um hobby, mas de uma vida inteira de histórias, contou ele em entrevista ao jornal O Globo.
A indústria de brinquedos no Brasil começou nos anos 1920, e Sergio se apaixona por esses objetos que, por muito tempo, foram exclusivos das crianças ricas. Ele decidiu focar nos brinquedos fabricados até os anos 1970, quando a globalização começou a influenciar suas características e torná-los menos brasileiros.
Como Sergio, os "kidults" são adultos que mantêm um gosto por brinquedos, e esse mercado cresceu significativamente durante a pandemia. Um estudo recente da consultoria The NPD Group mostrou que as vendas de brinquedos aumentaram 22% no Brasil e em outros 11 países importantes em 2020, em comparação com 2019.
Dentre os subsegmentos que mais cresceram, estão as pelúcias (27%), brinquedos diversos (18%), cartas colecionáveis (18%) e figuras de ação colecionáveis, como super-heróis (18%). Durante o isolamento causado pela Covid-19, muitos adultos buscaram nos brinquedos uma forma de distração, o que impulsionou as vendas de jogos retros, legos e heróis colecionáveis para adultos. Os "kidults" são principalmente homens, de todas as idades e classes sociais.
Carlos Henrique Juvêncio, professor do departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense, que estuda o colecionismo, explica que a coleção de brinquedos pode funcionar como uma terapia, compartilhada online e em lojas. A coleção é saudável e tem um propósito, ao contrário do acumulador, que não tem objetivo definido.
João Roberto Gazzola, vendedor de brinquedos colecionáveis, viu suas vendas crescerem 70% durante a pandemia, principalmente os super-heróis e autoramas. Ele afirma que o hobby está acessível a pessoas de diferentes níveis socioeconômicos.
Alessandro Zuza, um jornalista que se tornou dono de uma galeria de brinquedos antigos, possui uma coleção de mais de 600 itens à venda em sua loja. Sua paixão por bonecas, como a Barbie, começou na infância e se transformou em um investimento valioso.
Outros "kidults" também compartilham sua paixão na internet e em lojas físicas. A Corbe Toys, por exemplo, produz brinquedos para adultos com apelo político, como o Faria Limer, uma referência aos jovens executivos do mercado financeiro de São Paulo, que se tornaram famosos na internet.
Os "kidults" representam uma tendência em crescimento no Brasil, à medida que mais adultos redescobrem a alegria dos brinquedos em suas vidas, mantendo viva a paixão pela infância.
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