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Identificado gás que gerou quadros de intoxicação no Arlinda Marques

Vazamento de gás foi observado nos dias 11, 20 e 23 de maio e gerou quadros de intoxicação em pacientes

Por Carlos Rocha Publicado em
Conforme a secretaria de Saúde, o atendimento segue o fluxo normal
Conforme a secretaria de Saúde, o atendimento segue o fluxo normal (Foto: Reprodução)

Dois servidores do Centro de Tecnologia (CT) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Prof. Leopoldo Rojas e o técnico de laboratório Alexsandro Marinho, realizaram, durante uma visita técnica, a identificação de gás amônia que estava vazando no Hospital Arlinda Marques, em João Pessoa, nos dias 11, 20 e 23 de maio.

Com os três episódios de vazamento registrados, o atendimento ambulatorial da ala pediátrica do Hospital Arlinda Marques precisou ser interrompido. Foram observados quadros de intoxicação em pacientes, funcionários e público em espera, com a apresentação de sintomas como irritação nos olhos, na garganta, sensação de sufocação e leve cefaleia (“dor de cabeça”).

No dia 23, o Departamento de Engenharia Química (DEQ) da UFPB recebeu um ofício da administração do Hospital Arlinda Marques, solicitando uma visita técnica para a realização de uma perícia, com o intuito de constatar qual era o gás que estava vazando no local.

Para o diretor do Centro de Tecnologia da UFPB, Prof. Marcel Gois, o convite para a identificação e resolução do problema deixa claro que há um reconhecimento da capacidade institucional da UFPB para esse tipo de intervenção.

“A direção do hospital, provavelmente, não possuía nenhuma pista e nem pessoas com a capacitação necessária para avaliar e diagnosticar o problema. Então, agiu corretamente ao interditar o acesso de modo a proteger as pessoas”, pontuou.

Durante a visita, os servidores da UFPB perceberam que a maior concentração do gás era na parte posterior do prédio, local mais próximo das caixas de esgoto, o que confirmou a presença do gás amônia (NH₃).

O técnico de laboratório Alexsandro Marinho explicou que esse tipo de gás é resultado das reações de decomposição de material orgânico no ambiente das fossas de esgoto pluviais, como consequência do entupimento causado pelas chuvas.

“A preocupação inicial é de que era um gás vazado internamente pela própria tubulação do prédio. Mas constatamos que o gás estava chegando pelos ralos. Os sintomas verificados nas pessoas intoxicadas indicavam que era um gás solúvel em água, que vinha junto com a água e era volatilizado no ambiente”, elucidou Alexsandro.

O diagnóstico foi concluído no dia 24, com a entrega de um laudo técnico pelos profissionais do CT. Foram apontadas sugestões para a solução do problema, como a manutenção periódica das fossas para evitar os entupimentos.

Também foi sugerida a instalação de uma tubulação de alívio de pressões para as caixas pluviais e de esgoto, objetivando evitar o acúmulo de pressão suficiente para o ingresso do gás ao hospital, o que foi prontamente atendido pela direção do Arlinda Marques.

De acordo com Alexsandro, a ação revela a expertise e conhecimento técnico do Centro de Tecnologia da UFPB, composto por profissionais capacitados em diversas áreas de atuação. Ele destacou que perícias como esta são essenciais para a resolução de problemas em benefício da população.

“O laudo emitido foi fundamental para que o hospital retornasse aos atendimentos pediátricos, uma vez que é referência no estado da Paraíba, nessa área. A vigilância sanitária, por exemplo, só liberava a interdição do hospital com a apresentação do documento. Órgãos como o Ministério Público e o Conselho Regional de Medicina também estavam questionando a diretoria do Hospital sobre o problema”, explicou.

Posteriormente, a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) analisou as águas dos esgotos próximos ao hospital e constatou a alta concentração de amônia no local. Após a identificação e a resolução do vazamento, o Hospital Arlinda Marques retomou os atendimentos no último dia 31.

O Prof. Marcel Gois afirmou que o diálogo mantido entre a sociedade, o poder público e a Universidade é sadio e precisa ser estimulado e valorizado. O diretor do CT parabenizou os profissionais do Centro pela ação.

“Uma parceria com o Centro de Tecnologia da UFPB, além de outros Centros de nossa Instituição, deveria ser entendida como uma estratégia prioritária para o poder público. Esse é o tipo de relação em que todos saem ganhando. De nossa parte, estamos muito felizes e orgulhosos do Prof. Leopoldo Rojas e do técnico de laboratório Alexsandro Marinho”, destacou o Prof. Marcel.



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