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caso Lundgren

Famílias que pagavam aluguel à fábrica devem receber escritura na PB

Quase todas as residências em Rio Tinto pertenceu aos Lundgren, donos da fábrica, por mais de um século

Por Carlos Rocha Publicado em
Tecelagem da família Lundgren na década de 60
Tecelagem da família Lundgren na década de 60 (Foto: Reprodução/ Arquivo de Antônio Luiz da Silva (Rio Tinto -PB))

A Companhia Estadual de Habitação Popular (Cehap) participou, na manhã desta sexta-feira (01), da assinatura de um Protocolo de Cooperação, para garantir a viabilidade e agilidade no trabalho da emissão das escrituras dos imóveis no município de Rio Tinto. A ação prevê a entrega das escrituras já registradas e gratuitas aos novos proprietários dos imóveis.

Participaram da ação, além da presidente da Cehap, Emilia Correia Lima, o Tabelionato de Notas e de Protesto de Títulos e de Ofício de Registro de Imóveis e Civil das Pessoas Jurídicas de Rio Tinto, por meio do oficial de registro Fábio Rodrigo de Paiva e a Associação dos Notários e Registradores do Estado da Paraíba (Anoreg-PB), por meio do seu presidente Carlos Ulysses Neto.

A assinatura junto à Corregedoria Geral de Justiça do Estado da Paraíba, por meio do desembargador corregedor-geral Frederico Martinho da Nóbrega Coutinho, estabeleceu os compromissos, considerando a Lei 13.465 de 11 de julho de 2017, no que diz respeito à regularização fundiária de interesse social.

Sem a cobrança de emolumentos e taxas, os registros das escrituras particulares de doação, com força de escritura pública, serão destinados à regularização fundiária da cidade de Rio Tinto, sendo entregues aos beneficiários contemplados pelo Decreto que estabeleceu a desapropriação de cerca de 700 imóveis residenciais pertencentes à pessoa jurídica Cia de Tecidos Rio Tinto, concedendo, assim, direitos reais aos ocupantes de tais imóveis.

No Protocolo, ficou acordado que o Ofício de Registro de Imóveis de Rio Tinto irá oferecer o primeiro registro aos seus donatários, a Anoreg-PB irá acompanhar e fiscalizar a operacionalidade dos atos e atividades e a Cehap irá promover todas as etapas do processo de regularização, que será finalizado com a entrega dos documentos já registrados gratuitamente.

A desapropriação, no valor de R$ 23,5 milhões, é resultado de longa negociação intermediada pelo Ministério Público Federal (MPF), desde 2014. Na época, o então procurador regional dos Direitos do Cidadão, José Godoy, foi informado pela Companhia Estadual de Habitação Popular (Cehap) que as moradias no município pertenciam quase que exclusivamente a uma pessoa jurídica, violando direitos humanos, como o direito à moradia.

O caso remonta ao início da década de 1910, quando a família sueca Lundgren instalou-se no litoral norte, oportunidade em que fundou a companhia de tecidos, que levou o nome do município, e, a pretexto de proporcionar moradia aos funcionários da fábrica, construiu milhares de casas e as destinou, inicialmente, aos funcionários, mediante retribuição financeira à família (aluguel). Assim, a quase todas as residências em Rio Tinto pertenceu aos Lundgren por mais de um século, até a assinatura do decreto de desapropriação.



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