“Desprezados como se fossem objetos”, diz delegada sobre idosos em abrigo clandestino de JP
"A gente fica descrente até de muita coisa. É horrível”, declarou a delegara Vera Lúcia em entrevista ao programa O Povo na TV
A delegada Vera Lúcia Soares, da Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso de João Pessoa, falou nesta terça-feira (11) sobre o processo que investiga um abrigo clandestino na Capital paraibana. Durante a entrevista ao programa O Povo na TV, da TV Tambaú, a delegada disse ficar emocionada ao comentar sobre o caso e que “é horrível” pensar que se algum parente tivesse ido visitar os idosos no abrigo a “denúncia tinha chegado logo”.
“Para mim que sou mãe, a gente fica pensando nesses idosos que ficam abandonados nas instituições e que nenhum filho, nenhum neto vai visitar. Desprezados como se fossem objetos”, declarou.
“Você não quer mais usar, bota ali para ver se tem alguma utilidade. Depois bota no lixo. É isso que eu vejo”, resumiu a delegada responsável pelo caso. “A gente fica descrente até de muita coisa. É horrível”.
De acordo com a delegada Vera Lúcia, o proprietário de abrigo, que funcionava no bairro de Tambauzinho, está sendo indiciado por maus-tratos. Segundo ela, conforme algumas informações passadas por idosos lúcidos que morava no local, o proprietário não deixava “que os idosos acamados tomassem agua para não molhar depois as fraudas geriátricas que eles estavam usando”. Além disso, ela ainda informou que “a alimentação [dos idosos] era soja – quando tinha”.
O processo contra o proprietário do abrigo foi encaminhado para a Justiça e as investigações serão retomadas após o caso voltar para a delegacia.
Segundo informações da delegada, o responsável pelo abrigo ainda não foi ouvido por ela pois ele mudou de endereço e não atende às ligações. “Quando mandei a intimação ele já tinha se mudado", afirmou Vera Lúcia.
O proprietário que havia sido preso em flagrante foi solto após audiência de custódia.
No último sábado (8) faleceu a quarta vítima de maus-tratos que havia sido resgatada do abrigo clandestino. Desde que a denúncia anônima foi feita, no dia 4 de abril, faleceram dois idosos nos dias 14 e 22 do mesmo mês e um no dia 1º de maio.
Assista a entrevista completa:
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