Da amputação ao pódio, como foi o 2022 do homem mais alto do Brasil
O paraibano Ninão foi medalha de prata em um campeonato brasileiro e teve um 2022 foi marcado pela resiliência, conforme avaliou a consultora Carol Delmondes
Quando o ano termina a tendência é que nós, seres humanos, façamos um balanço de como foram os últimos doze meses. Colocamos na balança o que deu certo, o que deu errado, as nossas ações diante das circunstâncias positivas ou negativas. O ano de 2022 está chegando ao fim com muitos capítulos escritos, dentre eles o de um gigante (literalmente) que venceu após passar por um dos períodos ais difíceis de sua vida. O gigante Ninão, conhecido como o homem mais alto do Brasil.
Joélisson Fernandes da Silva, o "Ninão", já é bem conhecido dos paraibanos, mas a fama do gigante se expandiu quando ele foi registrado no Ranking Brasil como o homem mais alto do país. Natural da cidade de Assunção, no interior da Paraíba, o jovem teve um ano marcado pela superação, reconstrução e resiliência.
O Portal T5 ouviu a consultora em empreendedorismo Carol Delmondes, que viu a história de Ninão como um exemplo vivo de resiliência. Considerando o paraibano uma pessoa de sucesso após um período tão difícil, ela revelou que não há atalhos para os objetivos
"A estrada para o sucesso nunca foi linear, por isso pessoas de sucesso sempre tiveram e tem altos e baixos na vida. O importante é insistir, persistir e acreditar. Prosseguir com foco no pódio", disse a empreendedora, conhecida por começar com R$ 400 e hoje ter a sua própria marca de roupas.
Ninão começou a ficar conhecido nacionalmente quando alguns veículos de comunicação fizeram matérias especiais sobre ele. Ainda adolescente, ele apareceu em jornalísticos dominicais. Aos 14 anos, já media 2 metros de altura. Depois disso, participou de muitas atrações de TV, inclusive do Programa Silvio Santos, no SBT.
Em 2017, o jovem procurou a produção da TV Tambaú, afiliada do SBT na Paraíba, para fazer um apelo. Ele pedia ajuda para dar continuidade ao tratamento do 'gigantismo'. Na época, o rapaz tomava, mensalmente, uma medicação no valor de R$ 10 mil.
Com 2,37 metros, o jovem já passou por muitas dificuldades. Ele revelou ainda que além dos problemas causados pela condição física, outro obstaculo é o preconceito que ainda sofre.
Ainda era dezembro de 2021 quando o gigante paraibano, aos 36 anos, fez uma cirurgia para amputar uma das pernas. Nas redes sociais, na época, o jovem informou que sofria com uma doença chamada osteomielite, que gerava desconforto e dores. A infecção tomou conta dos ossos da região, que não estavam respondendo ao tratamento com antibióticos. A solução mais eficaz, segundo os médicos, foi a amputação.
Passada a fase das dores intensas cuasadas pela inflamação, Ninão tinha outro desafio a enfrentar. O processo de adaptação. Segundo Delmondes, esse processo é o que mais requer persistência e paciência. O tempo do processo vai variar de pessoa para pessoa e de situação para situação, mas sempre haverá adaptação.
Em janeiro de 2022, Ninão iniciou as sessões de fisioterapia para preparar a perna para a prótese. O rapaz precisava se deslocar de Assunção para Campina Grande duas vezes por semana para realizar as sessões. Ele alegou que as viagens eram muito cansativas, porém estava feliz por iniciar o processo.
A partir de março, Ninão passa a usar uma prótese que foi feita sob medida com material especial resistente. A primeira prova da prótese ocorreu em João Pessoa. Esse era apenas o primeiro passo da jornada de adaptação.
Após esse período, o paraibano não demorou para reaparecer. Ele se adaptou muito bem à prótese e em julho de 2022 apareceu treinando com a seleção brasileira de vôlei sentado.
Nas redes sociais, o Comitê Paralímpico Brasileiro compartilhou imagens do treino. "O homem mais alto do Brasil está onde? No treino da seleção brasileira de #VôlesiSentado”, diz a publicação. “Foi dia do Ninão vivenciar a modalidade aqui no CT Paralímpico durante semana de treinamento".
O técnico da seleção masculina, Fernando Guimarães, falou sobre a convocação do paraibano. “Ninão me surpreendeu muito. Fizemos alguns testes e ele mostrou que conhece a modalidade, onde já praticou no âmbito escolar. Serão dias de treinos intensos duas vezes ao dia até o domingo e tenho certeza que ele irá evoluir bastante”, declarou.
Não demorou para que o jovem entrasse em quadro em competições. Em setembro, Ninão já estreiava como atleta profissional, mesmo que no banco de reservas, mas com muita dedicação e otimismo.
Até que novembro chega e com ele a convocação para disputar o campeonato mundial de vôlei sentado, na Bósnia, que aconteceu entre os dias 4 e 11 de novembro e fez a diferença no priemiro jogo. Ele entrou quando o placar apontava 24 a 15 para o Brasil. No primeiro lance, ele não conseguiu o bloqueio, mas, no seguinte, em um ataque não defendido pelo poloneses, o paraibano definiu o set.
Com a equipe, Ninão conquistou o bronze no Mundial.
Há uma semana, Ninão compartilhou com orgulho nas suas redes sociais, apenas um ano após sua cirurgia de amputação, a medalha de prata pelo Campeonato Brasileiro de Voleibol Sentado 2022. Ninão defendeu o Club Athletico Paulistano e deixou uma mensagem de agradecimento.
"Somos medalha Prata no Campeonato Brasileiro de Voleibol Sentado. Obrigado Deus por me permitir viver mais essa experiência, Quero continuar aprendendo com essa Família Que é o Club Athletico Paulistano e @Campeonato Brasileiro de Voleibol Sentado. Obrigado professor Fernando Guimarães por todo ensinamento. Família", escreveu.
Histórias inspiradoras como a do Ninão, o gigante paraibano, faz com que muitos questionem se existe algum segredo para a superação ou até mesmo para o sucesso. Para a consultora não há uma fórmula mágica, apenas a força de vontade de seguir.
"Eu sempre atribuo o sucesso de qualquer pessoa a sua capacidade de aguentar as dificuldades e não desistir e sempre se reinventar. Acredito que com o Ninão não foi diferente, apesar de todas as dificuldades, a sua vontade de dar certo na vida tem sido maior", finalizou Carol Delmondes.