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Conselho de Ética da Assembleia de SP aprova abrir processo contra Arthur do Val

Parlamentar deu declarações sexistas sobre refugiadas ucranianas

Por Carlos Rocha Publicado em
Conselho de Ética da Assembleia de SP aprova abrir processo contra Arthur do Val
Conselho de Ética da Assembleia de SP aprova abrir processo contra Arthur do Val (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) decidiu na manhã de hoje (18), por unanimidade, aceitar a admissibilidade das 20 representações que pedem a cassação do deputado estadual Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, atualmente sem partido.

Com isso, tem início o processo que vai julgar o parlamentar por causa de áudios que viralizaram nas redes sociais e em que ele dá declarações sexistas sobre refugiadas ucranianas.

Ao final do processo, o deputado pode ser absolvido, advertido, censurado e até mesmo perder o mandato de forma temporária ou definitiva. No caso da perda de mandato a decisão precisará ser votada em plenário.

Com a abertura do processo, Arthur do Val terá prazo de cinco sessões legislativas para apresentar sua defesa do mérito, que começa a contar a partir de segunda-feira (21). Depois disso, deverá ser escolhido o relator do processo, cargo que pode vir a ser ocupado pelo Delegado Olim (PP).

O advogado Paulo Bueno, que defende o deputado, se manifestou após a decisão do conselho. “Infelizmente a Casa admitiu um processo baseado em um áudio privado, enviado a um grupo privado, vazado ilegalmente. O deputado estava licenciado de suas atividades na Assembleia e fora do território nacional, não podendo ser julgado por quebra de decoro. No entanto, tendo aceitado o pedido, iremos agora nos debruçar sobre o mérito e a dosimetria da pena. Esperamos justiça e não vingança”, assina ele, em nota.

Na semana passada, o Podemos, partido que ele integrava, anunciou a desfiliação de Arthur do Val, a pedido do próprio parlamentar. Por meio de nota, o partido informou que “não tolera sexismo ou qualquer tipo de comportamento preconceituoso de seus filiados”. Também na semana passada, o deputado anunciou que deixou o Movimento Brasil Livre (MBL).

Em nota divulgada ontem em suas redes sociais, o MBL informou que vai continuar apoiando o deputado. “Permaneceremos firmes na luta contra o absurdo pedido de cassação de um parlamentar exemplar, que honrou seu mandato e o dinheiro do povo de São Paulo nestes três anos de trabalho”.

O caso

Arthur do Val foi à Ucrânia em meio à guerra no país e chegou a postar uma foto nas redes sociais onde estaria ajudando a produzir coquetéis molotov para combater os russos.

Ao deixar o país, na fronteira com a Eslováquia, o deputado enviou um áudio a amigos, elogiando a beleza das refugiadas ucranianas. Em seguida, afirmou que pretende voltar ao Leste Europeu e disse que as mulheres lá são “fáceis” por serem pobres.

“Assim que essa guerra passar eu vou voltar pra cá. E detalhe, elas olham. E são fáceis, porque elas são pobres. E aqui minha carta do Instagram, cheio de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, a gente não tinha tempo, mas colei em dois grupos de minas e é inacreditável a facilidade”, disse ele no áudio.

Na chegada ao Brasil, o deputado deu entrevistas confirmando ser o autor do áudio e retirou sua pré-candidatura ao governo do estado de São Paulo. Ele afirmou ter cometido “um erro em um momento de empolgação”.

“Não é isso que eu penso. O que eu falei foi um erro em um momento de empolgação. A impressão que está passando aqui é que eu cheguei lá, tinha um monte de gente, e eu falei 'quem quer vir comigo que eu vou comprar alguma coisa'. Não é isso. Eu fui pra fazer uma coisa, mandei um áudio infeliz e a impressão que passou é que fui fazer outra coisa”.



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