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Como nova liga do futebol brasileiro pode impactar os direitos de transmissão

Soberania da Globo pode estar ameaçada se competição de fato sair do papel

Por Renata Nunes Publicado em
Neste sábado, acontece a última rodada da fase de grupos.
Neste sábado, acontece a última rodada da fase de grupos. (Foto: Divulgação)

É com expectativa que sites esportivos, como o portal jornalesportes, acompanham o desenrolar das negociações que podem mudar para sempre os rumos do futebol brasileiro. O desejo por uma nova liga do Campeonato Brasileiro é algo antigo, mas agora as negociações entre os clubes parecem ter avançado e o projeto, antes um sonho, está cada vez mais perto de se tornar realidade.

Tirar o controle do Campeonato Brasileiro das mãos da CBF, a Confederação Brasileira de Futebol, sempre foi algo almejado pelos clubes. Ter o controle do calendário, negociar melhor os direitos de transmissão e ter mais autonomia para gerir um dos principais produtos do esporte no país estão entre os fatores que impulsionam a criação da Liga. No papel, está tudo certo. Falta negociar para colocar o plano em prática.

Um dos principais pontos defendidos pelos clubes neste momento é uma maior abertura para negociar os direitos de transmissão, mantidos sob a soberania da Globo há muitos anos. Essa foi uma das justificativas dadas pela Warner no ano passado, ao anunciar que não transmitiria mais jogos do Brasileirão neste ano. A empresa, no entanto, pode voltar à ativa caso a Liga ganhe força.

"Esse movimento é importante para o futebol brasileiro profissionalizar o produto e sem dúvida para companhia essa negociação centralizada facilitaria muito. Sempre vamos buscar opções de ligas locais e de ter o torcedor brasileiro consumindo seu produto dentro da WarnerMedia", disse Fábio Medeiros ao UOL, vice-presidente do grupo de mídia na América Latina citando exemplos de Chile e Argentina, onde a emissora tem os direitos da Liga local.

"Com mais opções e modelos disponíveis, você fica aberto a escolher qual faz mais sentido para você. Tenho três filhos de idades diferentes e é impressionante como consumo de esportes deles é diferente do que eu tinha na infância e adolescência. Se a gente não for capaz de entender isso e como somos relevantes nas plataformas disponíveis nunca vamos oferecer produtos para atrair marcar que vão anunciar. Precisamos estar atentos a essas mudanças e vai ser cada vez mais plural os tipos de empresa que vão investir no esporte", complementou o executivo, sobre a importância de novos players no mercado.

Em meados de fevereiro, diversos clubes se reuniram com empresários do grupo XP Investimentos, que está acompanhando as negociações e têm interesse em ajudar na formatação da nova liga. A ideia é internacionalizar o futebol brasileiro, com contratos ao redor do mundo. Os investidores querem usar como exemplo a La Liga, da Espanha.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o contrato de televisão com o Grupo Globo termina apenas em 2024. Todas as eventuais conversas são para um acordo que passaria a valer em 2025 e, para o banco de investimentos, as negociações já deveriam estar acontecendo

"Tem uma janela de investimento no curto prazo. Estamos em uma rodada de conversas sobre os direitos de transmissão. É o grande ativo deste produto [a liga] a partir de 2025. Se você quiser qualquer tipo de upside [lado positivo], deveria se organizar desde já. Esses caras [os dirigentes] deveriam estar sentados hoje para definir um modelo que vão trazer para a mesa [de negociação]", declarou Guilherme Ávila, responsável pela divisão de esportes do banco de investimento da XP.

Em junho do ano passado, a Globo afirmou em nota que não havia sido consultada sobre a nova Liga, mas que apoiava a iniciativa. "Não conhecemos os detalhes da proposta da Liga entre os clubes. Mas vemos como positivas as iniciativas que promovam a união de propósitos entre os clubes, principais agentes do futebol nacional" disse a emissora carioca em nota oficial.

De acordo com o globoesporte.com, ​​as empresas LiveMode e 1190 estão intermediando o contato feito por um investidor mantido sob sigilo cujo interesse é patrocinar a liga dos clubes e organizar os direitos de transmissão. Para isso, esse investidor pretende pagar US$ 800 milhões em troca de 20% da liga de clubes, por um período de 50 anos, que vigoraria entre 2025 e 2074. Com o câmbio atual, o valor corresponderia a R$ 4,2 bilhões.



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