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Cientistas da UFPB criam adesivo capaz de curar lesão por herpes em 24h

O curativo de baixíssimo custo, moldável ao tamanho da lesão, e que dispensa reposição constante

Por Carlos Rocha Publicado em
Imagem meramente ilustrativa dos adesivos poliméricos com Aciclovir para o tratamento de lesões causadas pelo herpesvírus.
Imagem meramente ilustrativa dos adesivos poliméricos com Aciclovir para o tratamento de lesões causadas pelo herpesvírus. (Crédito: Kaline Ferreira)

Cientistas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) criaram um adesivo capaz de curar, em 24 horas, lesão causada pelo herpesvírus do tipo simplex. O curativo de baixíssimo custo, moldável ao tamanho da lesão, e que dispensa reposição constante, funciona por meio da liberação controlada do fármaco Aciclovir na região da pele ou da mucosa acometida por essa categoria de agente infeccioso.

“A velocidade de cura da lesão proporcionada pelo adesivo depende da proporção de polímeros na composição do material do curativo, da concentração do fármaco Aciclovir, do tamanho da lesão, dentre outros fatores. De qualquer maneira, nos nossos experimentos, no que se refere à eficiência e à eficácia de “matar” o herpesvírus, o adesivo regenerativo teve ótima letalidade em 24 horas”, afirma Kaline Ferreira, uma das inventoras da patente e, atualmente, doutoranda no Programa de Pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da UFPB.

Desenvolvido a partir da mistura de polímeros sintéticos bioabsorvíveis e biodegradáveis, o adesivo regenerativo tem dimensão pequena e alta área superficial, facilitando a adição de agentes farmacológicos, principalmente o Aciclovir, e o conforto estético. Tanto o seu tamanho e forma quanto a concentração de medicamento que dispõe são facilmente adaptáveis às necessidades de um paciente, diferente do atual tratamento por meio do uso de comprimidos ou de pomada de Aciclovir.

Kaline Ferreira explica que as características do adesivo podem ser modificadas à medida que a proporção dos polímeros que constitui sua estrutura é variada. Também é possível alterar a liberação do Aciclovir pela modificação das dimensões estruturais do curativo por meio do controle das concentrações poliméricas utilizadas e dos parâmetros de processo de produção.

A doutoranda da UFPB destaca que, mesmo podendo ser vendido em qualquer farmácia, o Ministério da Saúde reforça que qualquer antiviral precisa de receita médica. “A herpes é uma doença transmissível que não tem cura, uma vez que não existe um remédio antiviral capaz de eliminar de vez o vírus do organismo. A lesão provocada pelo herpesvírus desaparece à medida que o sistema imune do indivíduo se recupera. Durante as crises infecciosas, o objetivo principal é diminuir o desconforto na área afetada”, esclarece a pesquisadora da UFPB.

Segundo Kaline Ferreira, cerca de dois terços das pessoas com menos de 50 anos no mundo tem herpes. A Organização Mundial da Saúde (OMS), em suas estimativas globais sobre infecção pelo vírus do Herpes Simples Tipo 1 (HSV-1), um dos dois gêneros do herpesvírus do tipo simplex, indica que mais de 3,7 bilhões de pessoas com menos de 50 anos, ou 67% da população, está infectada pelo HSV-1.

O adesivo regenerativo foi desenvolvido entre 2015 e 2017, no Laboratório de Materiais e Biossistemas (Lamab) da UFPB, no campus I, em João Pessoa, e contou com a colaboração dos professores da UFPB Eliton Medeiros, Lúcio Castellano, Paulo Bonan e Joelma Souza e do mestrando Raonil Oliveira.

O depósito da patente foi realizado em junho de 2018, junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). O processo de desenvolvimento do curativo será publicado em breve. Os artigos estão em fase de revisão por pares em revistas internacionais.

“Pretendemos conversar com farmacêuticas para avaliarem o custo-benefício para produção em larga escala do adesivo. O Sistema Único de Saúde (SUS) poderá utilizar de artifícios como a quebra de patentes de medicamentos ou de dispositivos ou comprar o material, caso uma farmacêutica inicie o processo de comercialização dos adesivos, para o uso de forma gratuita, por meio da distribuição”, afirma a pesquisadora da UFPB.



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