Cemitérios de João Pessoa sofrem com deterioração há anos; imagens impressionam
Denúncias mostram o descaso com os locais; de ossos amontoados a túmulos quebrados, situação é agravada no período de chuvas.
Descaso e abandono históricos. A redação do Portal T5 recebeu neste sábado (13), imagens que revelam a situação dos cemitérios públicos em João Pessoa. A deterioração é reflexo de gestões passadas na prefeitura da cidade. Os registros realizados nos sepulcrários Senhor da Boa Sentença (Varadouro), Santa Catarina (Bairro dos Estados), São José (Cruz das Armas) e do Cristo mostram ossos espalhados, restos mortais aglomerados, túmulos quebrados. Há até falta de cuidados básicos, como serviços de jardinagem. O período, que é de chuva na capital, agrava ainda mais a condição.
Em razão da situação constatada após vistorias, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Município (Sedurb) esclareceu que os equipamentos estão passando por avaliações e reparos emergenciais.
Ao Portal T5, Fábio Carneiro, titular da pasta, classificou os cemitérios como equipamentos de cunho essencial. “Desde janeiro estamos vivenciando um aumento no número dos casos e consequentemente de mortes por Covid-19. Para atender a demanda, constatamos a situação delicada dos cemitérios. Isso nos fez iniciar um trabalho de recuperação”, adiantou.
Caos completo
Segundo o gestor, as avaliações já realizadas resultaram na conclusão de que o estado vive um ‘caos completo’. As situações mais graves, segundo Fábio, estão nos cemitérios da Boa sentença e do Cristo. “Locais estão cobertos de mato, sem zeladoria, com muros caídos e ossários destruídos”.
Fábio Carneiro explicou que foi necessária implantar uma “força-tarefa para restabelecer o mínimo de dignidade possível. Diante da urgência, temos que ter túmulos necessários para o sepultamento”, atenuou.
O descaso é reflexo da gestão passada
Para Fábio, a deflagração da pandemia deveria ter causado o efeito de atenção na gestão anterior. “Deveriam ter sido construídos ossários ou até mesmo locais para cremações”, avaliou. O secretário afirmou que foi realizado uma espécie de trabalho inverso: “Eles tiraram, fizeram exumações e colocaram dentro de outros túmulos”.
“Agora, estamos precisando de mais vagas em razão do aumento na ocupação dos túmulos. A lei permite que haja exumação após três anos nas vagas da prefeitura. Mas, como não foram construídos ossuários, os ossos estão dentro dos túmulos. Estamos a ponto de ter um colapso dentro dos cemitérios. São um total de 315 túmulos ocupados com ossuários de pessoas que deveriam estar reservados nos devidos locais, ou talvez que deveriam até terem sido cremadas - conforme permissão da lei”.
Consternado
Fábio afirmou que a questão é divida também com o prefeito Cícero Lucena. “O prefeito está consternado”, exclamou. Segundo ele, o trabalho das equipes da Sedurb acontece também aos finais de semana. “Emergencialmente, estamos avaliando a possibilidade de ampliação para que possamos atender uma demanda nos túmulos rotativos”.
“Não estamos discutindo os cemitérios privados nem os túmulos e jazidos particulares”, destacou. “Estamos com dois graves problemas por conta da irresponsabilidade da gestão anterior. Em razão disso, determinamos a ampliação e análise de outras saídas. E a construção de outros cemitérios é uma delas”.
Soluções e prazo
“Emergencialmente, para não chegar ao colapso 500 novas vagas serão abertas. Neste mês de março, a estimativa é de aumento de mortes por Covid-19, além da necessidade em razão das causas diárias. Só nos 10 primeiros dias foram computadas 69 mortes”, disse.
E continuou: "além de João Pessoa, estamos verificando que algumas cidades estão sepultando na capital. O trabalho continua. Acreditamos que só vamos concluir a recuperação de todos os cemitérios da forma adequada no final do ano. Nós tivemos que adquirir emergencialmente todo material dos cemitérios – EPI’s e roupas especiais. Estaremos tabém iniciando a vacinação para o grupo prioritário, os coveiros”.
Fábio encerrou a entrevista afirmando que o setor jurídico da autarquia produz um relatório que será entregue para a controladoria do município. O documento deve ser encaminhado ao Ministério Público da Paraíba (MPPB), que deve apurar de quem é a responsabilidade da situação.
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