Cantora gospel é denunciada pelo Ministério Público após relacionar gays a Aids
A fala polêmica foi dita durante o Congresso Diante do Trono em 2016
A cantora gospel Ana Paula Valadão foi denunciada pelo Ministério Público Federal (MPF) por falas consideradas homofóbicas, em que ela relacionava homens gays a Aids. A denúncia foi enviada à Justiça e pede que a pastora seja responsabilizada por dano moral coletivo no valor de R$ 200 mil. Segundo o MPF, o valor deverá ser revertido a entidades que representam pessoas LGBTQI+ e pessoas que convivem com o HIV.
A fala polêmica de Ana Paula Valadão foi dita durante o Congresso Diante do Trono em 2016 e foi transmitido Rede Super de Televisão, que também deve ser responsabilizada.
A investigação do Ministério Público Federal foi iniciada em dezembro do ano passado, quando as falas ganharam repercussão nas redes sociais.
“Muita gente acha que isso é normal. Isso não é normal. Deus criou o homem e a mulher e é assim que nós cremos. Qualquer outra opção sexual é uma escolha do livre arbítrio do ser humano. E qualquer escolha leva a consequências. A Bíblia chama de qualquer escolha contrária ao que Deus determinou como ideal, como ele nos criou para ser, chama de pecado. E o pecado tem uma consequência que é a morte. Inclusive, tudo que é distorcido traz consequência naturalmente; nem é Deus trazendo uma praga ou um Juízo, não. Taí a Aids para mostrar que a união sexual entre dois homens causa uma enfermidade que leva à morte, contamina as mulheres, enfim... Não é o ideal de Deus”, disse a cantora gospel na ocasião.
De acordo com a investigação do MPF, "Responsabilizar 'os homens que fazem sexo com homens' pelo surgimento e propagação da Aids reforça o tom hostil e preconceituoso da fala, desrespeitando direitos fundamentais decorrentes da dignidade da pessoa humana dessa coletividade. A soma de todos esses elementos evidencia a inegável ocorrência de discurso de ódio".
Durante a investigação, a cantora e a emissora que transmitiu o Congresso foram ouvidas pelo Ministério Público. Elas afirmam que o discurso está protegido pela liberdade religiosa.
Nunca quis ofender quem quer que seja, e que suas palavras foram muito mal interpretadas, destacando-se que estas foram proferidas integralmente em um contexto religioso, durante um Culto a Deus, para público determinado, onde a transmissão se deu por um canal igualmente para um público de fiéis, e que em momento algum se pronunciou de forma contrária a legislação vigente", diz a defesa inquérito do MPF.