Cabo Gilberto rebate denúncias do PSOL sobre "milícia política" na PB
Cabo Gilberto afirmou que a única forma de policiais protestarem é não trabalhar na folga
O deputado estadual cabo Gilberto, alvo de uma denúncia de "milícia política" apresentada ao Ministério Público da Paraíba e ao Ministério Público Federal, rebateu as acusações e diz que continuará encorajando policiais a não tirarem plantões extras. As informações foram dadas em entrevista aos jornalistas Heron Cid e Wallison Bezerra, nesta quinta-feira (27).
O parlamentar paraibano afirmou que não é a primeira vez que é denunciado pelo PSOL e sugeriu que o executivo estadual estaria por trás da denúncia em questão.
“Não é a primeira vez que esse partido faz denúncia ao nosso mandato. Faz parte da democracia e cada um trabalha da forma que entende. Mas é estranho setores do governo, aliados do governo, partidos de esquerdas estarem com o mesmo posicionamento”, disse.
Cabo Gilberto afirmou que a única forma de policiais protestarem é não trabalhar na folga. Nas denúncias, o PSOL alega que a falta de policiais estaria contribuindo com a onda de violência.
“A Polícia Militar não pode fazer greve. Qual a forma que temos de pressionar o governador? É nos plantões extras. Não vamos ficar calados enquanto o governador tratora, humilha e não garante nem os direitos básicos que tinha”, mencionou.
A denúncia
Tárcio Teixeira, que foi presidente do PSOL na Paraíba, apresentou, nesta quarta-feira (26), uma denúncia que foi protocolada no Ministério Público Federal (MPF) contra o que chamou de "milícia política", que estaria sendo orquestrada pelo deputado estadual cabo Gilberto (PSL). Uma primeira denúncia já havia sido feita segunda-feira (24) ao Ministério Público do Estado (MPPB). Confira a denúncia na íntegra aqui
O último final de semana foi marcado por alguns ataques como tiros em locais públicos e também incêndio a um ônibus na capital paraibana. Isso seria fruto de uma sugestão dada, via aplicativos de mensagem, em áudios que foram atribuídos ao parlamentar paraibano.
Áudio vazado
O assunto foi destaque no jornal O Globo. Segundo a reportagem, o parlamentar, ligado ao bolsonarismo, insuflou policiais militares a aderirem a um movimento contra o governador João Azevêdo (Cidadania), a quem chamou de "inimigo". Ele estaria sugerindo ainda, segundo a publicação, que os agentes entreguem os plantões extras e, se estiverem de folga, "ajudem a sociedade", o que incluiria atirar em criminosos.
As informações sobre as denúncias feitas por Tárcio Teixeira aos ministérios públicos foram dadas por ele mesmo em uma coletiva nesta quarta-feira (26). Na ocasião, ele mostrou prints de uma lista de policiais que, mesmo dispostos a trabalhar, estariam sendo desencorajados por ordem de Gilberto.
"Polícia Legal"
Há um mês, o parlamentar bolsonarista lidera um movimento batizado de “Polícia Legal”, que visa reduzir o efetivo de policiais nas ruas do estado. Isso seria uma estratégia, de acordo com a reportagem do O Globo, de desidratar o governo estadual. Em um dos áudios atribuídos ao parlamentar, o governador João Azevêdo (Cidadania) é chamado de “inimigo da polícia” e é mencionado que “socialista não gosta de polícia”.
Tárcio afirmou que o MPF irá apurar os últimos acontecimentos na Paraíba que classificou de ataques contra as Instituições Democráticas. O ex-candidato a governador também disse que esta foi a mais grave denúncia que fez em sua trajetória política.
O outro lado
O deputado Cabo Gilberto usou suas redes sociais para rechaçar as informações do jornal O Globo, o que chamou de "ataques com Fake News".
O parlamentar usou seu perfil também para fazer uma crítica a parte da imprensa local que repercutiu o caso: "Uma parte da impresa da Paraíba é uma vergonha, mentem descaradamente para agradar o governador. Prestam um desserviço ao povo, desinformando criando narrativas para justificar o injustificável. Lembrando que a folha da comunicação é o dobro do gasto com os policiais! Vai vendo", escreveu.
O governador
O governador da Paraíba, João Azevedo, se manifestou sobre o movimento de pequenos grupos dentro da Polícia Militar que estariam envolvidos com o movimento "Polícia Legal", mesmo após as constantes negociações acerca de melhorias salariais e de condições de trabalho.
O governador da Paraíba mencionou que qualquer reivindicação salarial é legítima e democrática, desde seja feita dentro dos limites da Lei e da Ordem. Ele afirmou que não vai tolerar que grupos minoritários comprometam o clima de segurança e estabilidade e que tomará providências para coibir atos de indisciplina e quebra de hierarquia.
Comandante da PMPB
O comandante da Polícia Militar da Paraíba, coronel Euller Chaves, quando questionado sobre possíveis punições aos que estariam realizando esses movimentos, disse que a maior parte dos profissionais são conscientes do seu dever e que a minoria que estiver fora da legalidade deve ficar a cargo da justiça militar e da corregedoria.
"Nós trataremos os homens da Polícia Militar com todo respeito que são em sua grande maioria profissionais conscientes de seu dever, conscientes das obrigações e responsabilidade pública, meritórios por reconhecimento público. Mas aqueles que não estejam na linha, que são poucos, que saiam da legalidade, do respeito à disciplina, do respeito às autoridades constituídas, terão a lei como apanágio de suas condutas irregulares com a tolerância zero por parte do Estado", disse Euller.