Após assassinato de mulher trans, entidade revela cenário de medo e insegurança
Associação destaca o cenário de violência e medo enfrentado por dezenas de mulheres trans todos os dias nas ruas de João Pessoa
A Associação de Pessoas Travestis Transexuais do Estado da Paraíba luta para que o caso de Yasmim, mulher trans de 23 anos, assassinada na madrugada desta quinta-feira (9) na avenida Edson Ramalho, no bairro de Manaíra, em João Pessoa, não vire apenas estatística e que receba a qualificação de feminicídio.
Ao Portal T5, Andreinna Vilarim, presidente da entidade, destaca o cenário de violência e medo enfrentado por dezenas de mulheres trans todos os dias nas ruas de João Pessoa. Ela disse que denunciou recentemente o caso de pessoas em um carro que perseguem mulheres no Centro, simulando interesse em programa para tentar apedrejá-las.
"Recebemos vários relatos, testemunho de mulheres trans que quase foram mortas por alguém dentro desse carro, que atira pedras paralelepípedos na direção delas. Denunciamos o caso a polícia, mas o medo de que isso volte a acontecer deixa as mulheres inseguras para trabalharem na noite do Centro de João Pessoa", revelou.
Outro problema é a subnotificação para casos de violência contra mulheres trans que, segundo ela, são assassinadas com média de 36 anos no Brasil. "A polícia encontra um corpo aparentemente de uma mulher, do jeito que nos identificamos, mas por conta de uma genitália o caso é tratado como violência contra homens ou travestis", lamentou. "Esse é um caso típico de violência porque a pessoa é mulher trans, que deve ser tratado da mesma forma que o feminicídio, cobrou.
Ela acredita que apenas com mais informação as pessoas poderão superar discussões que giram em torno de estereótipos. "Eu sou mulher, porque desde criança me vejo e sinto como mulher, não deveria sofrer preconceito e violência por isso. Não é uma genitália que vai definir quem eu sou", afirmou.
Andreinna Vilarim disse ainda que a Associação de Pessoas Travestis Transexuais do Estado da Paraíba faz um trabalho social que distribui 223 cextas básicas não só para mulheres trans de João Pessoa, mas para pessoas em situação de vulnerabilidade. Com relação ao caso de Yasmim, ela disse que espera que seja elucidado e que outras mulheres trans possam denunciar violência sofrida tanto no ambiente de trabalho como doméstico.
"Muitas vezes as mulheres têm medo de denunciar por receio de sofrer preconceito. De procurar um atendimento médico, por isso que os casos de violência contra mulheres trans são subnotificados. Apesar de vivemos num estado que mais tem política pública, como o um ambulatório no Hospital Clementino Fraga", ponderou.
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