Eleições 2022: desinformação, fake news e ataques às urnas
Fachin afirmou que o pleito de outubro será "o maior teste das instituições democráticas"
No próximo dia 22, o ministro Edson Fachin assumirá a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão responsável por coordenar o processo eleitoral no país. Em entrevista ao Estadão, Fachin afirmou que o pleito de outubro será "o maior teste das instituições democráticas" e que o “populismo autoritário” e ditadura militar não têm mais espaço no Brasil.
Recuo
Após a entrevista, na terça-feira (16), o general da reserva e ex-ministro de Bolsonaro, Fernando Azevedo e Silva, se reuniu com os ministros do TSE para avisar que não poderá assumir o cargo de diretor-geral da corte para o qual ele havia sido convidado. O militar era visto pelos futuros presidentes do TSE como um anteparo aos ataques bolsonaristas contra as urnas e capaz de blindar a instituição das campanhas de desinformação.
Hackers
Uma das ameaças às eleições, citadas por Fachin, vem de ataques hackers ao sistema eleitoral, promovidos, ao que tudo indica, por agentes estatais e grupos criminosos russos, assim como ocorreu nas eleições americanas de 2016. Vale lembrar que o assessor especial da Presidência, Tercio Arnaud, integrante do chamado 'gabinete do ódio', está na comitiva que acompanha Jair Bolsonaro na viagem à Rússia. Essas milícias digitais vem tendo, segundo relatou em entrevista o ministro Luís Roberto Barroso, a vida facilitada pelo próprio presidente da República, que vazou propositalmente informações sigilosas sobre o sistema eleitoral, com o intuito de vulnerabilizá-lo.
Desinformação nas eleições
Na mesma entrevista o ministro Barroso cogita proibir a operação do aplicativo de mensageria russo, com sede em Dubai, Telegram. O aplicativo é hoje a principal ferramenta de disseminação de fake news. Sem sede no Brasil, o Telegram não aceita cooperar com a justiça eleitoral daqui. O TSE realizou, nesta terça-feira (15), uma reunião com representantes do Facebook, Google, Youtube, Instagram, Twitter, TikTok, WhatsApp e Kwai, para definir medidas de combate à desinformação nas eleições de 2022 e assinar um documento com ações que visam barrar a divulgação de notícias falsas na internet. Patrícia Campos Mello, no podcast Café da Manhã da Folha, analisa o encontro.
Bolsonaro ataca as urnas
A Comissão de Transparência das Eleições (CTE) é um colegiado composto por integrantes da sociedade civil, academia, partidos políticos e órgãos de Estado, criado pelo TSE para garantir a lisura do processo eleitoral. Um dos integrantes do CTE é o comandante de defesa cibernética do Exército, Heber Garcia Portella, indicado pelo ministro da Defesa e postulante à vice na chapa de Bolsonaro para 2022, Walter Braga Netto. Na segunda-feira (14), Heber enviou ao TSE 80 perguntas específicas com pedidos de informações para compreender o funcionamento das urnas eletrônicas. A partir daí, mesmo recebendo todas as respostas, Bolsonaro e Braga Netto começaram uma série de ataques mentirosos ao processo eleitoral.