Bolsonaro desviou R$ 6,8 milhões para seu patrimônio com joias e presentes, diz PF
Relatório final da investigação diz que valor não considera itens que não passaram por perícia ou que ainda não foram recuperados
A Polícia Federal afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro somou R$ 6,8 milhões ao seu patrimônio pessoal com o desvio das joias dadas de presente ao governo brasileiro. A informação veio a público nesta segunda-feira (8) após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubar o sigilo do inquérito que indiciou Bolsonaro no caso.
O montante calculado pela PF não considera outros bens ainda pendentes de perícia e também não contabiliza o valor de esculturas de um barco e de uma árvore, além de um relógio Patek Philippe, também desviados do acervo público brasileiro, mas que não foram recuperados.
Em alguns trechos do documento, a investigação chegou a citar que os desvios chegaram a R$ 25 milhões, mas segundo a PF informou posteriormente, os desvios são de R$ 6,8 milhões. O valor correto consta em outros trechos do relatório.
Segundo a PF, Bolsonaro e as outras 11 pessoas indiciadas “utilizavam da estrutura do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica – GADH para 'legalizar' a incorporação dos bens de alto valor, presenteados por autoridades estrangeiras, ao acervo privado do ex-presidente da República Jair Bolsonaro”.
Segundo a PF, assessores de Bolsonaro atuaram na prática de desvio de presentes de alto valor recebidos em razão do cargo ocupado pelo ex-presidente. Os integrantes do esquema agiam em nome de Jair Bolsonaro em viagens internacionais.
Os presentes eram entregues por autoridades estrangeiras, como no caso das joias dadas pelo governo saudita, e, posteriormente, eram desviados e vendidos no exterior. O valor obtido dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e passavam a integrar o patrimônio particular de Jair Bolsonaro. Os meios bancários normais eram evitados com objetivo de "ocultar a origem do dinheiro”, segundo a PF.
Os documentos de indiciamento de Bolsonaro foram protocolados no Supremo Tribunal Federal na sexta-feira (5).
Segundo a PF, Bolsonaro deve ser denunciado pelos crimes de associação criminosa (pena de 1 a 3 anos de prisão), peculato/apropriação de bem público (2 a 12 anos) e lavagem de dinheiro (3 a 10 anos). Agora, cabe à Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliar se segue em frente com a denúncia no STF.
Valor de mercado dos itens desviados
- Relógio Rolex-Day-Date Special Edition - US$ 73.749,50
- Caneta Chopard - Rollerball - US$ 20.000
- Relógio Chopard LL'Heurie Du Diamant Medium Oval - US$ 187.608,00
- Anel prateado Chopard - US$ 30.292,91
- Par de brincos Chopard - US$ 126.341,56
- Colar prateado Chopard - US$ 671.660,20
- Escultura de cavalo árabe dourado - US$ 4.971,12
Total: US$ 1.1227.725,12
Outros indiciados
Além de Jair Bolsonaro, também foram indiciados pela PF:
- Fabio Wajngarten advogado da família Bolsonaro;
- Frederick Wassef advogado da família Bolsonaro;
- Almirante Bento Albuquerque - ex-ministro de Minas e Energia;
- Coronel Mauro Cesar Cid - ex-ajudante de ordens de Bolsonaro);
- Marcelo Câmara (ex-ajudante de ordens);
- Osmar Crivelatti (ex-ajudante de ordens).
- General Mauro Cesar Lourena Cid - pai de Mauro Cid;
- Julio Cesar Gomes - ex-secretário especial do Fisco.
- Marcos Soeiro - ex-assessor de Bento Albuquerque;
- José Roberto Bueno - ex-chefe de gabinete de Bento Albuquerque;
- Marcelo Vieira - ex-chefe do Gabinete de Documentação Histórica da Presidência