Governador da Paraíba se reúne com chefes dos poderes em Brasília
Reunião acontece na noite desta segunda-feira (9)
O governador da Paraíba, João Azevedo (PSB), participou, na noite desta segunda-feira (9), de uma reunião presencial com o presidente Lula, em Brasília, um dia após os atos golpistas que aconteceram no Distrito Federal. A reunião é promovida com representantes dos três poderes, o Chefe do Executivo Nacional, o presidente Lula, a presidente do Supremo Tribunal Federal, a ministra Rosa Weber, o do Legislativo, em exercício, Veneziano Vital do Rêgo, para traçar estratégias a fim de evitar que novos atos de vandalismo e depredação se repitam.
Durante a reunião, os líderes estaduais foram unânimes em enfatizar a defesa do estado democrático de direito no país.
"Nos reunimos em Brasília para discutirmos as medidas que já estão sendo tomadas para combater os atos de terrorismo que atacaram a nossa democracia. Das cenas de intolerância, violência e destruição à um momento histórico, de diálogo e união entre os 27 governadores, o presidente da República, Lula, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, deixando as diferenças políticas de lado para colocar como prioridade máxima a defesa da nossa soberania e da vontade popular. Um momento em que todos pudemos demonstrar o nosso compromisso com a democracia, com a reunificação e os avanços do nosso país. Estaremos, mais do que nunca, atentos e fortes para que atos como o de ontem não voltem a se repetir", escreveu o governador da Paraíba em uma rede social.
Durante a reunião, a governadora Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, falou da indignação com as cenas de destruição dos maiores símbolos da democracia republicana do país e pediu punição aos golpistas. "Foi muito doloroso ver as cenas de ontem, a violência atingindo o coração da República. Diante de um episódio tão grave, não poderia ser outra a atitude dos governadores do Brasil, de estarem aqui hoje. Esses atos de ontem não podem ficar impunes", afirmou, em nome da Região Nordeste.
Financiadores
Em discurso aos governadores, o presidente Lula agradeceu pela solidariedade prestada e fez duras críticas aos grupos envolvidos nos atos de vandalismo.
"Vocês vieram prestar solidariedade ao país e à democracia. O que nós vimos ontem foi uma coisa que já estava prevista. Isso tinha sido anunciado há algum tempo atrás. As pessoas não tinham pautam de reivindicação. Eles estavam reivindicando golpe, era a única coisa que se ouvia falar", disse.
O presidente também voltou a criticar a ação das forças policiais e disse que é preciso apurar e encontrar os financiadores dos atos democráticos. "A polícia de Brasília negligenciou. A inteligência de Brasília negligenciou. É fácil a gente ver os policiais conversando com os invasores. Não vamos ser autoritários com ninguém, mas não seremos mornos com ninguém. Nós vamos encontrar quem financiou [os atos golpistas]".
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que que as investigações em curso devem resultar em novos pedidos de prisão preventiva e temporária, principalmente contra os financiadores.
Unidade
Presente na reunião, a ministra Rosa Weber, presidente do STF, também fez questão de enaltecer a presença dos governadores em um gesto de compromisso democrático com o Brasil. "Eu estou aqui, em nome do STF, agradecendo a iniciativa do fórum dos governadores de testemunharem a unidade nacional, de um Brasil que todos nós queremos, no sentido da defesa da nossa democracia e do Estado Democrático de Direito. O sentido dessa união em torno de um Brasil que queremos, um Brasil de paz, solidário e fraterno".
Em outro gesto de unidade, após o encontro, presidente, governadores e ministros do STF atravessaram a Praça dos Três Poderes a pé, até a sede do STF, edifício que ontem também foi brutalmente destruído. A ministra Rosa Weber garantiu que o prédio estará pronto para reabertura do ano judiciário, em fevereiro.
Ações na Paraíba
Antes de viajar para participar da reunião, o governador João Azevedo, que também preside o Consórcio Nordeste, acionou as forças de segurança para desmontar o acampamento que estava instalado ali na frente do grupamento do engenharia, em João Pessoa. A ação foi uma determinação do Supremo Tribunal Federal.
Em Campina Grande ações também ocorreram na BR 230. Pessoas que pediam por intervenção militar e golpe foram obrigados a deixar o local. Foram retirados banheiros químicos alugados pelo movimento antidemocrático e também as tendas. A ação que desfez o acampamento foi planejada na manhã desta segunda (9).
A reunião foi na sede da Secretaria de Segurança e durou uma hora e meia. Ficou decidido que se houvesse resistência haveria prisão, mas isso não foi necessário.
A Paraíba deve disponibilizar 30 policiais que devem ser encaminhados para Brasília para reforçar segurança no Distrito Federal. Esses policiais devem embarcar nesta terça-feira (10), já que nesta segunda (9) estão passando tramites burocráticos do Ministério da Justiça.
Com Agência Brasil