Em evento de posse, Regina Duarte fala em pacificação e diálogo permanente
Em discurso de 15 minutos, Regina afirmou que vai manter o diálogo com a classe de artistas
TALITA FERNANDES E GUSTAVO URIBE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
Em evento com pouco prestígio da classe artística, a atriz Regina Duarte assumiu nesta quarta-feira (4) a Secretaria Especial da Cultura do governo de Jair Bolsonaro prometendo pacificar a pasta e manter diálogo constante com a classe cultural, a sociedade e o Congresso.
"Meu propósito aqui é de pacificação, diálogo permanente com o setor cultural, estados e municípios, Parlamento e com os órgãos de controle", disse. Ela acrescentou ainda que "o apoio do Legislativo é indispensável para que se tornem reais os objetivos da tarefa que vamos realizar a partir de hoje".
Depois de usar termos de relacionamento, como "namoro" e "noivado", para falar do convite para integrar o governo, Regina desceu a rampa presidencial vestindo um terno tailler branco e uma saia preta e de braços dados com o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão.
Conhecida por seus célebres papeis na televisão brasileira, a "namoradinha do Brasil" entrou no salão nobre do Palácio do Planalto de forma performática, gesticulando como quem aguarda aplausos.
Regina fez um discurso de 15 minutos, durante o qual exaltou o papel e a diversidade da cultura brasileira e defendeu valores familiares. Ela também disse que precisa de oração.
Sua fala, feita de forma performática, com pausas dramáticas, risadas, olhares e gestos, exaltou a necessidade de democratizar a cultura. Ela brincou que sabe que Bolsonaro é bravo e disse que o humor faz parte da sociedade brasileira, dizendo que cultura é "feita de palhaçada".
Ao se apresentar para o cargo, disse estar "municiada de confiança e coragem" para a missão. Com orçamento apertado na Secretaria, disse que pode "passar o chapéu" para arrecadar recursos para suas ações.
"Posso ser um tanto ingênua, mas eu acredito que possa se fazer muita cultura e arte com os recursos que nós temos, com criatividade", disse.
Criticada nas redes sociais pela rede de apoio bolsonarista por ter exonerado apoiadores do escritor Olavo de Carvalho, a atriz fez questão de pontuar que aceitou o cargo por ter tido a promessa de que assumiria a pasta com "carta branca" e "porteira fechada".
"O convite que me trouxe até aqui [foi com as condições] de porteira fechada, carta branca, e foi com esses argumentos que eu me estimulei para trazer uma equipe para colocar a mão na massa."
Embora a atriz tenha prometido fazer uma cultura "acima das ideologias", o público presente no evento contou com poucos artistas e, sobretudo, com a rede de integrantes do governo e de bolsonaristas.
Nomeada nesta quarta, Regina fez uma série de exonerações na pasta, publicadas no Diário Oficial da União.
Após encerrar um contrato de 50 anos com a TV Globo, a atriz chega ao governo Bolsonaro com um salário mensal de R$ 17.327,65. Ela já enfrenta resistência da ala ideológica do governo, em especial de seguidores do escritor Olavo de Carvalho, pelas exonerações feitas nesta quarta.
Entre as exonerações oficializadas está a de Dante Mantovani, da Funarte (Fundação Nacional de Artes), que é aluno de Olavo e membro da Cúpula Conservadora das Américas.
Mantovani havia sido nomeado, em dezembro de 2019, pelo ex-secretário da Cultura Roberto Alvim, que deixou o cargo em 17 de janeiro após fazer um vídeo com referências de um ministro da Alemanha nazista.
Regina é a terceira pessoa a comandar a pasta, marcada por uma série de controvérsias desde o início da gestão Bolsonaro.
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