Delação de Livânia entrega suposto esquema de pagamento de propina a deputados paraibanos
Entre as 11 páginas da deleção, Livânia relatou que, nas eleições de 2014, o apoio do Partido Democratas à reeleição de Ricardo Coutinho custou R$ 2 milhões
Na delação feita por Livânia Farias, ao Ministério Público da Paraíba, a ex-secretária de finanças do município de João Pessoa e de administração do Estado da Paraíba falou sobre o recebimento de propina pelo ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) na Granja Santana, a participação de empresas privadas no esquema de corrupção com a Organização Social Cruz Vermelha e do ex-secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão, Waldson de Souza.
No depoimento, Livânia ainda contou como era realizado o pagamento de propina em troca de apoio e financiamento de campanhas do deputado federal Efraim Filho (DEM) e dos deputados estaduais Lindolfo Pires (PODE), Edmilson Soares (PODE), Branco Mendes (PODE), Genival Matias (AVANTE), Tião Gomes (AVANTE), Nabor Wanderley (Republicanos) e Hugo Motta (PRB-PB). Ela ainda relatou a participação do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE), Artur Cunha Lima Filho.
Entre as 11 páginas da deleção, Livânia relatou que, nas eleições de 2014, o apoio do Partido Democratas à reeleição de Ricardo Coutinho custou R$ 2 milhões e o pagamento foi feito ao deputado federal Efraim Filho.
A compra e venda de um produto envolvendo a Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas (Empasa) e os deputados Nabor Wanderley e Hugo Motta custou R$ 1 milhão também foi mencionado no depoimento da ex-secretária.
Em outra parte da delação, Livânia cita que Zennedy Bezerra, secretário de Desenvolvimento Urbano (Sedurb) de João Pessoa teria pedido um R$ 1 milhão para a campanha do candidato do PT ao senado Lucélio Cartaxo, chapa encabeçada por Ricardo, em 2014. Ela conta que pagou R$ 300 mil em mãos, na sede do Canal 40.
Fala ainda sobre o loteamento dos cargos nos Hospitais de Trauma de João Pessoa e o Metropolitano de Santa Rita, e uma divisão de cargos de prestadores de serviço na área da Educação. A ex-secretária afirma que os deputados e o governador indicavam vários nomes.
Livânia contribuiu com as investigações da Operação Calvário enquanto esteve presa entre 16 de março e 23 de abril de 2019. A prisão preventiva da ex-secretária foi convertida em medidas cautelares após a delação realizada no dia 16 de abril. Ela é investigada por envolvimento no esquema, recebimento de propina e receptação.
O QUE DIZEM OS CITADOS
Em nota, o deputado Genival Matias disse que ficou surpreso com a citação. "Confio e apoio as investigações da Operação Calvário em todas as suas fases, porém, me causou surpresa a citação sem provas do meu nome em depoimento, sobre uma suposta entrega de recursos". Ele ainda afirmou que está à disposição da Justiça. "Estou à disposição da Justiça para esclarecer quaisquer fatos e desde já disponibilizo meu sigilo bancário e fiscal. Sigo confiando na justiça e respeitando às instituições." completou.
O deputado Tião Gomes repudiou o depoimento de Livânia: "Rechaço com veemência toda e qualquer citação inverídica que aponta recebimento de recursos ilegais por minha pessoa. Estou indignado, mas absolutamente tranquilo que a verdade será restabelecida". Ele disse que está à disposição da Justiça e negou a troca de assuntos com o colega Edmilson Soares. "Neste momento, coloco-me inteiramente à disposição da Justiça, mesmo sabendo que meu nome não está inserido entre os investigados. Nunca tratei qualquer assunto sobre recursos com o deputado Edmilson Soares e tampouco autorizei que alguém tratasse ou recebesse valores em meu nome".
O deputado Branco Mendes disse que "Posso andar de cabeça erguida em qualquer lugar, pois prezo por valores sagrados, pelos ensinamentos dos meus saudosos pais e, principalmente, pela admiração das minhas três filhas". Ainda completou dizendo: "Não abaixarei a minha cabeça um minuto, pois não serão acusações irresponsáveis e mal interpretadas que macularam o maior patrimônio que conquistei na vida, que são a minha honra, seriedade e a vontade de fazer o BEM pelos paraibanos".
Já o deputado Efraim Filho negou que tenha recebido ajuda ilegal para a campanha política. "Absolutamente nego essa ilação feita contra mim, sem apresentar uma prova ou sequer uma data. As contas da minha eleição 2014 foram analisadas, julgadas e aprovadas pela justiça eleitoral". E disse que mesmo não sendo investigado pela Operação Calvário coloca à disposição da Justiça o sigilo bancário, telefônico e fiscal.
O PortalT5 tentou entrar em contato com Zennedy Bezerra, secretário de Desenvolvimento Urbano de João Pessoa, mas as ligações não foram atendidas.
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