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Mensagens indicam que Dallagnol incentivou investigação a Toffoli

Procuradores da Lava Jato estariam contrariados com as decisões do ministro do Supremo em relação à operação. Os novos vazamentos geraram reações do STF

Por Redação T5 Publicado em
Deltan Dallagnol

Novas mensagens divulgadas pelo site 'The Intercept Brasil' indicam que o procurador Deltan Dallagnol, da Força-Tarefa da Lava Jato, incentivou a investigação do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, e do escritório de advocacia da esposa dele, em 2016.

As conversas mostram que o procurador Deltan Dallagnol suspeitava que Dias Toffoli teria recebido alguma vantagem da empreiteira OAS, para reformar uma casa, e procurou informações em sigilo.

Em julho de 2016, no grupo intitulado como "Acordo OAS", Dallagnol pergunta: "Caros, a OAS trouxe a questão do apartamento do Toffoli?".

O procurador Sérgio Bruno Cabral Fernandes, responde: "Que eu saiba não. Temos que ver como abordar esse assunto. Com cautela".

Dias depois, Deltan Dallagnol recorre a Eduardo Pellela, chefe do gabinete do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para obter mais informações sobre Toffoli.

"Pelella, queria refletir em dados de inteligência para eventualmente alimentar vocês. Sei que o competente é o PGR (risos), mas, talvez, possa contribuir com vocês com alguma informação, acessando umas fontes. Você conseguiria, por favor, descobrir o endereço do apartamento do Toffoli que foi reformado?"

Eduardo Pellela, então, responde: "Foi casa. Consigo sim. Amanhã de manhã". Posteriormente, o assessor de Janot enviou a Deltan o endereço solicitado.

Em outra mensagem, Dallagnol pergunta sobre os recebimentos das esposas de Toffoli e do ministro Gilmar Mendes. "Tem uma conversa de que haveria recebimentos cruzados pelas esposas do Toffoli e Gilmar. Tem muita especulação. Temos a prova disso na nossa base? Você teve contato com isso?".

O procurador Orlando Martello, então, responde a Deltan que não tem as informações. "Não. Não tenho nada sobre isso".

Segundo o site 'The Intercept Brasil', as conversas vazadas sugerem que Deltan Dallagnol já havia pedido também à Receita Federal pesquisas sobre possíveis pagamentos da OAS.

Ministros do STF reagiram aos novos vazamentos

Na volta do recesso judiciário, nesta quinta-feira (01), os ministros do Supremo Tribunal Federal comentaram sobre as mensagens atribuídas a Deltan Dallagnol.

O ministro Gilmar Mendes se referiu à publicações como "a maior crise que se abateu sobre o aparato do Brasil desde a redemocratização", e disse ainda que as mensagens revelam a criação de um Estado paralelo, com medidas sem autorização, e que as instituições precisam discutir a crise no judiciário.

"Tudo indica que a Receita Federal estava servindo de órgão de pistolagem para esse tipo de medida, quer dizer, imagine a insegurança que se produz. Agora, quando isso se faz com o presidente do Supremo Tribunal Federal, o que eles não serão capazes de fazer com o cidadão comum? Trapezista morre quando pensa que voa. Esta aí o resultado", argumentou Gilmar Mendes.

Ainda nesta quinta-feira, o ministro Alexandre de Moraes determinou a suspensão da investigação da Receita Federal sobre mais de cem contribuintes. Entre eles, Gilmar Mendes e a mulher do presidente do STF, Roberta Rangel. Além disso, mandou afastar dois servidores do órgão que atuaram na investigação.

No fim da tarde, o ministro Luiz Fux também proibiu a destruição das mensagens hackeadas, em decisão provisória, e determinou que seja encaminhada cópia para a Suprema Corte.

Suspeitos de Invasão permanecem presos

Na noite desta quinta-feira (01), o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, decidiu converter as prisões dos quatros suspeitos de invadirem os celulares de autoridades - dentre eles, do ministro Sérgio Moro e do procurador Deltan Dallagnol - de temporárias para preventivas.

As prisões temporárias têm duração máxima de dez dias e, no caso dos suspeitos, o prazo já havia expirado nesta quinta-feira. Com a conversão, as prisões preventivas de Walter Delgatti Neto, Gustavo Souza, Danilo Marques e Suelen Priscila de Oliveira, não têm prazo determinado de término.

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