Comissão aprova proposta que torna nepotismo a nomeação de familiares
Apesar de não ter sido indicado oficialmente, Eduardo Bolsonaro passou o dia no Congresso buscando apoio dos senadores para a sua nomeação
A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou nessa quarta-feira (14), a proposta que transforma em nepotismo a nomeação de familiares para cargos de embaixador e ministros.
O texto confronta diretamente a escolha feita pelo presidente Jair Bolsonaro para que o filho, Eduardo, assuma a embaixada do Brasil em Washington, nos Estados Unidos.
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Contudo, para que a medida consiga inviabilizar a indicação do deputado federal para o cargo de embaixador, é necessário que a proposta seja aprovada antes da efetiva nomeação de Eduardo.
O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), relator do texto aprovado pela Comissão, argumenta que a escolha do presidente não leva em consideração as proficiência necessárias para assumir uma atividade diplomática.
"Acho que a indicação é completamente contrária aos que a população espera, passa o recado de que a coisa pública pode ser utilizada para interesses provados pelo próprio presidente da República e de que você não precisa de currículo ou capacidade técnica", afirma o deputado.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, no entanto, garantiu que o projeto anti-nepotismo não será votado a tempo pelo colegiado. "Ele não será misturado e nem acelerado, porque o presidente vai encaminhar o nome do filho a uma indicação da Embaixada. Eu não posso aprovar uma lei que tem o objetivo exclusivo de prejudicar o deputado Eduardo Bolsonaro", declarou Maia.
No Congresso, Eduardo Bolsonaro corre por apoio à sua indicação
Enquanto isso, apesar de ainda não ter o seu nome oficializado para concorrer ao posto de embaixador do Brasil nos EUA, o deputado federal já começou a busca por apoio a sua candidatura.
Nesta quarta-feira (14), ao abrir um seminário sobre defesa nacional, o deputado tentou mudar o tom do discurso. "Vejo aqui, alguns embaixadores presentes, o embaixador da Sérvia, Líbano, Ucrânia e alguns outros, vou tentar um tom diplomático".
Porém, ainda durante o pronunciamento dele, o deputado derrapou, e abandonou a tradição pacifista da diplomacia brasileira. "Diplomacia sem armas é como música sem instrumentos!"
Eduardo Bolsonaro, no entanto, ainda pode contar com o apoio do irmão, Flávio, com quem ele se reuniu após a sessão no Congresso. O senador é um dos suplentes na Comissão que aprova as nomeações de embaixadores.
"O Eduardo vai fazer uma rodada de buscar os senadores e se apresentar, mostrar as suas qualificações que são muitas, e as vantagens de ter uma pessoa totalmente ligada ao presidente, com as suas qualificações e com o trânsito que tem com a Casa Branca", defendeu Flávio Bolsonaro.
Os votos a favor do filho do presidente ainda não são suficientes
Um levantamento feito pelo jornalismo do SBT Brasil com integrantes da Comissão de Relações Exteriores do Senado revela que o deputado federal Eduardo Bolsonaro teria, hoje, apenas quatro votos a favor da indicação dele à embaixada do Brasil em Washington, nos Estados Unidos.
Ainda de acordo com a pesquisa, outros sete, dos dezenove membros da Comissão - que irá sabatinar e, depois, aprovar ou não a nomeação do filho do presidente -, seriam contra a medida. Os demais integrantes ainda não decidiram ou não quiseram revelar o voto.
Atualmente, treze indicações para embaixadas esperam para começar a tramitar no Senado. Para isso, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, precisa ler a relação dos nomes em Plenário.
Alcolumbre, por sua vez, afirma que esse é um critério dele e que, se quiser, pode sim passar o nome de Eduardo Bolsonaro na frente dos demais candidatos - que, em alguns casos, já aguardam há quatro meses pela análise.
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SBT