TV Tambaú
Clube FM
Nova Brasil Maceió
º
exoneração

Bolsonaro exonera equipe de combate à tortura; órgão vai recorrer

De acordo com o decreto, o grupo agora passa a ser formado apenas por participantes não remunerados

Por Redação T5 Publicado em
Bolsonaro faz pronunciamento com balanço de ações do governo
Bolsonaro faz pronunciamento com balanço de ações do governo (Foto: Reprodução/ TV Brasil)
Foto: Reprodução/ TV Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) exonerou nesta terça-feira (11) os 11 integrantes do MNPCT (Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura), um grupo do governo federal que monitora violações de direitos e atua para prevenir a prática de tortura em instituições como penitenciárias.

De acordo com o decreto, o grupo agora passa a ser formado apenas por participantes não remunerados.

+ Operação do MP interdita bares e prende gerentes na orla de João Pessoa

Recém-exonerado, o coordenador da entidade, Daniel Melo, afirma que essa mudança inviabiliza o funcionamento do órgão. O presidente do CNDH (Conselho Nacional de Direitos Humanos), Leonardo Pinho, disse que vai recorrer à Justiça contra a medida.

A reportagem procurou a Presidência da República e o MMFDH (Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos), órgão ao qual o mecanismo estava vinculado, e aguarda resposta.

O MNPCT é um grupo criado em 2013 que faz estudos e relatórios sobre violações de direitos humanos no país. Foram eles, por exemplo, que elaboraram relatórios sobre a situação de presídios como o Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), no Amazonas, onde 111 presos foram mortos em massacres de 2017 a 2019.

Para o agora ex-coordenador do mecanismo, a exoneração do grupo é uma retaliação à atuação da instituição. "Essa é uma retaliação clara à forma como nós vínhamos atuando. O mecanismo vem, há anos, revelando a prática sistemática da tortura no Brasil", afirmou.

O decreto exonera a atual equipe, mas mantém o mecanismo em funcionamento no papel. Segundo o decreto, a partir de agora, o grupo será formada por integrantes não remunerados. Para Melo, essa mudança equivale, na prática, à "extinção" do mecanismo.

"O trabalho do grupo fica inviabilizado se for feito com membros voluntários e não remunerados. O formato do mecanismo precisa de estrutura, de pessoas que possam se dedicar exclusivamente para esse trabalho. Isso garante autonomia, independência para receber e apurar denúncias", disse.

Segundo uma fonte com atuação na área, o MPF (Ministério Público Federal) e a DPU (Defensoria Pública da União) também devem recorrer à Justiça para barrar a medida. As cúpulas dos dois órgãos ainda discutem qual será a medida jurídica adotada, mas fazem a leitura de que a via judicial é a única possível para reverter a situação.

BRASÍLIA, DF, E RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS)



Relacionadas