PGR diz que relatora da reforma política trocou inscrição em programa social por votos
Eleitores apontam que a parlamentar teria oferecido vantagens em troca de votos.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, encaminhou, nesta terça-feira (7), ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra a deputada federal Shéridan de Anchieta (PSDB-RR), relatora da reforma política, pela compra de votos em favor de seu ex-marido José Anchieta Júnior nas eleições de 2010, quando ele disputou a reeleição para o governo de Roraima.
Conforme a denúncia, Shéridan, que na época era primeira-dama do estado e secretária de Promoção Humana e Desenvolvimento, teria oferecido vantagens a moradores do bairro de Pintolândia, em Boa Vista, para obter votos em favor do governador.
Eleitores apontam que a parlamentar teria oferecido inscrição em programa social do governo, pagamento de multas de trânsito, entre outras vantagens, para que votassem em Anchieta Júnior.
Dodge também reiterou acusação contra o deputado pelo Distrito Federal Izalci Lucas, acusado por desviar bens públicos doados a secretaria do DF, entre 2009 e 2011.
A denúncia foi feita com base em áudios gravados pelos eleitores e depoimentos. “A denunciada era capaz à época dos fatos, possuía consciência da ilicitude e dela se exigia conduta diversa, encontrando-se caracterizada a autoria e materialidade delitivas”, sustenta Raquel Dodge.
Conforme aponta a denúncia, Izalci teria solicitado à Receita Federal a doação de bens apreendidos, como material escolar, equipamentos eletrônicos, brinquedos e vestuários, sob o argumento de que seriam utilizados em ações institucionais do programa DF Digital, comandado pela Secretaria. Parte dos bens, no entanto, foi encaminhada para guarda na Fundação Gonçalves Lêdo (FGL) e dos R$ 245,2 mil em objetos doados, apenas o equivalente a R$ 28,4 mil foi efetivamente incorporado ao patrimônio da SECT.
Além disso, a denúncia aponta que 20 computadores doados pelo Tribunal de Contas para a Secretaria foram instalados em sala comercial onde funcionava o comitê de campanha eleitoral do parlamentar.
Atuação na Câmara
Shéridan foi relatora da reforma política que definiu cláusula de barreira, fundo eleitoral, limite para gastos, mudanças nos debates e na arrecadação dos candidatos. Em agosto deste ano, a Justiça de Roraima bloqueou R$ 40 mil das contas do ex-governador de Roraima, José de Anchieta Júnior, de Shéridan Oliveira e do atual comandante da PM do estado, coronel Edison Prola. Todos foram acusados de terem usado, em 2010, um avião do governo para viagem do funkeiro MC Sapão ao estado.
JC Online