Em três semanas, três jovens são assassinados com tiros na cabeça na Grande João Pessoa
Todos os crimes aconteceram às quintas-feiras e com a mesma forma de execução. Vítimas são jovens, negras e moradoras de periferia.
Um jovem, de 19 anos, foi baleado na cabeça na noite dessa quinta-feira (15), no bairro de Mandacaru, em João Pessoa. Alan Laurindo dos Santos chegou a ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital de Trauma, mas não resistiu aos ferimentos.
De acordo com a Polícia Militar, dois homens em uma motocicleta são suspeitos do crime, mas não foram encontrados.
O assassinato de Alan é o terceiro crime registrado com as mesmas características neste mês, na Grande João Pessoa. Apesar dos homicídios terem ocorrido às quintas-feiras, não possuem relação, conforme o delegado Hugo Hélder, titular da Delegacia de Homicídios. "Foi uma coincidência, apesar disso, o perfil dessas vítimas aparentemente leva ao envolvimento com a criminalidade, por conta do tráfico de drogas. Cada caso deve ser analisado separadamente", afirmou o delegado.
A criminalidade tocada aos jovens de cidades e bairros periféricos da Grande João Pessoa, na primeira quinzena de agosto, representa o índice divulgado pelo Atlas da Violência de 2019 neste mês. Na Paraíba morrem mais jovens negros, do sexo masculino, como analisou o Portal T5 com dados fornecidos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Segundo o relatório, em 2017, 1.341 homicídios foram registrados no estado, 33,9 mortes violentas por 100 mil habitantes. Entre as vítimas, o número alarmante de 1.227 eram de pessoas negras, cerca de 91,4%. O índice de negros mortos no estado é de 46,4 por 100 mil habitantes, maior que a média nacional, de 43,1. O índice de não negros mortos no mesmo período foi de 7,1 (96 pessoas), menor que a média do país, de 16. Entre os crimes, mais da metade das vítimas (709) tinha entre 15 e 29 anos.
Hugo Hélder revelou que a incidência do mesmo perfil das vítimas desses homicídios é relacionada aos ambientes que elas convivem. "A polícia traça o período, áreas e horários dos crimes, mas algumas localidades possuem difícil acesso para chegada de viaturas e a população não denuncia", por estas razões, o delegado acredita que os crimes continuam a retirar as vidas de jovens paraibanos.
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