44% das armas usadas em massacres dentro de escolas tinham origem legal
Além disso, a venda de munições aumentou 36% nos últimos nove anos.
Um dado assustador em relação as armas utilizadas em massacres dentro de escolas, ocorridos nos último 20 anos, foi levantado pelo Instituto Sou da Paz. Quase metade das armas utilizadas pelos responsáveis por esses tipos de crime vieram de dentro da casa do agressor e possuíam origem legal.
Oito casos de ataques em escolas em diferentes estados do país desde o ano de 2002, com um saldo de 28 mortos e 41 feridos. Em 44,4% dos ataques, os atiradores utilizaram armas legais que estavam armazenadas em suas casas antes de serem desviadas para a ação criminosa. Para a coordenadora de projetos do Instituto Sou da Paz, Natália Pollachi, embora os ataques não se comportem de forma sistemática, eles são muito significativos.
Os números reforçam outros levantamentos que apontam o mercado formal como principal origem das armas que caem na ilegalidade. “Os dados contrariam o senso comum que diz que a arma do cidadão comum não comete crime (...), Mesmo dentro de casa, a arma representa um risco porque ela fica acessível para toda a família.”afirma a coordenadora.
Um exemplo disso é o caso de do adolescente que atirou contra os colegas em uma escola no município de Goiania (GO), em outubro de 2017, utilizando uma pistola .40, que é de uso da PM. As investigações apontaram que o autor dos disparos sabia onde os pais guardavam a arma e que aprendeu a atirar sozinho.
De acordo um o Instituto Sou da Paz, a venda de munições aumentou 36% nos últimos nove anos. Além disso, dados obtidos pelo instituto apontam que de 2010 a 2018 foram comercializadas 1,4 bilhão de munições, mas apenas 31% deste total tinham a marcação de lote que permite o rastreamento.
Ao mesmo tempo, segundo o instituto, a rastreabilidade diminuiu. "Para se ter ideia são marcadas com número de lote somente munições para a segurança pública e militar. Todas as munições vendidas para civis não têm numeração de lote."