Paraíba registra primeira doação de órgãos no Sertão

Paraíba registra primeira doação de órgãos no Sertão

A Saúde da Paraíba realizou, na tarde desta sexta-feira (25), a primeira doação de órgãos e tecidos no Sertão do estado, marcando um avanço histórico na área de transplantes. A captação ocorreu no Hospital Regional de Patos, unidade da rede estadual de saúde, e teve como doador um jovem de 24 anos, que morreu em decorrência de um Trauma Cranioencefálico (TCE) grave após um acidente automobilístico.

Foram doados o fígado, o rim esquerdo e as córneas. O paciente foi internado no hospital no último sábado (19) e, após aplicação de protocolos rigorosos com exames clínicos e de imagem, foi confirmada a morte encefálica. A família autorizou a doação, decisão que emocionou a equipe e gerou comoção entre os presentes.

“Marcos era um jovem maravilhoso, carinhoso com todos. Saber que um pedacinho dele vai continuar vivendo em outras pessoas nos conforta”, declarou o tio do doador, José Amâncio, ao autorizar a doação.

A cirurgia de captação dos órgãos começou por volta das 14h e teve duração aproximada de três horas. O fígado foi enviado para João Pessoa, onde beneficiará uma paciente de 23 anos. O rim esquerdo permitirá que um paciente do estado de Pernambuco deixe a hemodiálise, e as córneas foram encaminhadas ao Banco de Olhos para triagem e posterior transplante.

Os órgãos seguiram para a capital na aeronave do Governo do Estado, com apoio do Corpo de Bombeiros, evidenciando os investimentos públicos no fortalecimento da rede de transplantes, inclusive com a disponibilidade de transporte aéreo especializado.

Segundo o diretor-técnico do hospital, Pedro Augusto, o momento representa uma mudança significativa. “Antes, os pacientes precisavam ser transferidos para Campina Grande para viabilizar o processo. Hoje, conseguimos fazer tudo aqui no sertão, o que representa uma nova fase para a saúde da região”, afirmou.

A ação também foi marcada por um momento simbólico e comovente, chamado de “cortejo da vida”: um corredor humano formado por familiares, amigos e profissionais de saúde entre a UTI e o bloco cirúrgico, em homenagem ao doador e à generosidade da família.

Para a diretora da Central Estadual de Transplantes, Rafaela Dias, o ato marca um divisor de águas. “Desde 2019, vínhamos promovendo cursos, implantando unidades CIHDOTT fora da capital e capacitando as equipes. Hoje, colhemos os frutos dessas ações com o apoio do Governo do Estado e da Secretaria de Saúde”, destacou.

Em 2024, a Paraíba já realizou 36 transplantes, mas 790 pessoas ainda aguardam na lista de espera, sendo 4 para coração, 212 para rins, 38 para fígado e 536 para córneas.