Relacionamentos abusivos: como identificar os sinais e prevenir o feminicídio
Portal T5 conversou com a psicóloga Hyalle Abreu que explicou os principais sinais de alerta

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Relacionamentos abusivos e a violência doméstica ainda são temas muitas vezes silenciados, mas de extrema importância para a sociedade. Sinais de controle excessivo, isolamento e agressões emocionais são apenas o começo de um ciclo que pode culminar em situações de risco extremo, como o feminicídio
Para saber como esses comportamentos se manifestam e como identificar um relacionamento abusivo, o Portal T5 conversou com a psicóloga Hyalle Abreu, doutora em Psicologia Social e professora de Psicologia da Uninassau João Pessoa, que explicou os principais sinais de alerta e a influência do machismo estrutural no prolongamento dessas relações.
Sinais iniciais de um relacionamento tóxico
A psicóloga destaca que os primeiros sinais de um relacionamento tóxico geralmente envolvem comportamentos de controle excessivo e isolamento social. Em muitos casos, o parceiro abusivo começa a restringir as interações da vítima com amigos e familiares, criando uma dependência emocional. Outro indicativo é a desvalorização constante da vítima, com críticas sobre sua aparência, inteligência ou habilidades. Ciúmes possessivos e agressões verbais ou emocionais também são comuns em estágios iniciais, muitas vezes disfarçados de gestos de cuidado ou proteção.
Com o tempo, essas atitudes podem se intensificar, culminando em violência física. Hyalle alerta que, em muitos casos, a vítima se vê incapaz de romper o ciclo de violência devido ao medo ou à dependência emocional, o que aumenta o risco de feminicídio.
A influência do machismo estrutural
De acordo com a psicóloga, o machismo estrutural é uma das principais barreiras para que muitas mulheres se libertem de relações abusivas. A sociedade ainda sustenta uma cultura de desigualdade de gênero, onde as mulheres são frequentemente subjugadas aos papéis tradicionais de submissão e dependência emocional. Esse contexto faz com que a violência doméstica seja minimizada ou até normalizada.
Além disso, fatores como culpa, vergonha e a crença de que “o amor justifica tudo” podem levar as vítimas a se sentirem responsáveis pela violência, dificultando a busca por ajuda. O medo de julgamento e a falta de apoio social também são obstáculos significativos. A psicóloga enfatiza que, muitas vezes, as mulheres não conseguem romper com o agressor por sentirem que não têm para onde ir, ou por temerem a retaliação do parceiro.
Padrões de comportamento nos agressores
Hyalle explica que existem alguns padrões psicológicos e comportamentais em agressores que podem indicar um risco elevado de feminicídio. Entre os principais, estão o comportamento possessivo e controlador, a intolerância à rejeição e o histórico de violência. Além disso, muitos agressores demonstram fragilidade emocional, tendo sua autoestima diretamente ligada ao controle da parceira.
A psicóloga alerta ainda para a escalada da violência. Agressores que iniciam com agressões verbais e emocionais, mas não enfrentam consequências legais ou sociais adequadas, podem evoluir para violência física. Com o tempo, ameaças constantes, stalking (perseguição) e ciúmes patológicos também são indicativos de risco. Esses comportamentos exigem atenção redobrada e intervenção imediata.
A psicóloga reforça a importância de reconhecer os sinais de um relacionamento abusivo e a necessidade de intervenção precoce. A conscientização sobre o machismo estrutural e a violência doméstica são fundamentais para que mais mulheres possam identificar comportamentos abusivos e romper o ciclo de violência, buscando ajuda antes que a situação se torne irreversível.