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Dia da Mulher

Cátia de França: a voz e a arte da mulher paraibana

Após mais de cinco décadas de dedicação à arte e à cultura, artista brilha no cenário musical latino-americano

Por Gilmara Dias Publicado em
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Portal T5 traz uma conversa especial e um pouco da trajetória de Cátia de França (Foto: Divulgação)
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Uma mulher preta, nordestina, paraibana que, com mais de cinco décadas de dedicação à arte e à cultura, brilha no cenário musical brasileiro e internacional. Neste 8 de Março, Dia da Mulher, o portal T5 traz uma conversa especial e um pouco da trajetória de Cátia de França, uma das artistas mais significativas da música brasileira.

Natural de João Pessoa, ela nasceu Catarina Maria de França Carneiro em 1947 e se tornou uma referência não apenas para o Nordeste, mas para todo o Brasil e América Latina. Conhecida pela versatilidade como cantora, compositora, instrumentista e escritora, Cátia é uma artista multifacetada que transcende gerações e estilos. Aos 78 anos, o mais recente trabalho, No Rastro de Catarina, é um marco na carreira da paraibana, não apenas pela qualidade musical, mas também pela relevância simbólica que carrega.

Uma trajetória de inovações e parcerias

Cátia iniciou a formação musical ainda criança, sendo alfabetizada pela mãe, Adélia de França, primeira educadora negra da Paraíba, através de canções. Desde os quatro anos de idade, Cátia estudou piano, mas logo se afastou do instrumento, passando a tocar violão, flauta, sanfona e percussão. A versatilidade musical, a levou a trabalhar em teatro, lecionar música e se apresentar em casas noturnas, especialmente no Recife, onde ela formou parte de uma cena musical efervescente.

A carreira decolou quando foi apadrinhada por Zé Ramalho e lançou o primeiro disco, 20 Palavras ao Redor do Sol, em 1979, pela CBS. Com uma formação que incluía nomes como Sivuca, Dominguinhos, Chico Batera e Lulu Santos, o disco refletia a sólida base de Cátia, marcada pela mistura de ritmos nordestinos com influências globais. Desde então, Cátia de França continuou a expandir a sonoridade e explorar diferentes linguagens musicais, com lançamentos importantes, como Estilhaços (1980), Feliz Demais (1985), e Avatar (1998).

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Foto: Redes Sociais

Além da trajetória solo, a artista colaborou com ícones da música brasileira, incluindo Elba Ramalho, Chico César e Bezerra da Silva, contribuindo para o fortalecimento da música popular brasileira com uma abordagem inovadora e autêntica.

O Reconhecimento Internacional: Grammy Latino e a Visibilidade Mundial

Em 2024, Cátia alcançou um novo marco na carreira com o lançamento de No Rastro de Catarina. O álbum de 12 faixas inéditas foi amplamente aclamado pela crítica e é considerado um dos melhores lançamentos de 2024 e incluído na lista dos 25 melhores discos do primeiro semestre de 2024 pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCAP). A cereja do bolo foi a indicação ao Grammy Latino 2024, na categoria Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa, uma conquista histórica para a artista paraibana, que marca a primeira nomeação dela para o maior prêmio da música latina.

Em entrevista, Cátia de França compartilhou o significado dessa indicação para a carreira: "Isso é o que a pessoa passa a vida esperando entender. De repente, tudo aconteceu, uma reparação histórica. Foi um divisor d'água, o reconhecimento veio, e estou em estado de graça. Gratidão eterna, porque esperava ser reconhecida pela minha mãe, pela minha família. É um momento único."

"Os convites estão acontecendo desde que a gente chegou de viagem e são os mais inusitados possíveis. Podemos estar no Pajeú, de repente já estar no SESC de São Paulo e de repente a gente vai para Maringá, para eventos ligados aos livros em Salvador. E tem vezes que é só para conversar da vida, um podcast. A curiosidade que as pessoas têm em torno de mim", completou Cátia.

Essa visibilidade internacional tem gerado uma série de novos convites e parcerias, ampliando ainda mais sua atuação no cenário musical e cultural. Para a artista, essa visibilidade reforça a importância da música como uma forma de expressão e resistência. "É o mercado me reconhecendo, me vendo de uma forma diferente", afirmou Cátia.

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Foto: Divulgação

A Influência de Cátia de França na Música e Cultura Brasileira

Além da vasta contribuição à música, Cátia de França também é fonte de inspiração para novas gerações de artistas. Um trajetória marcada pela perseverança e pela manutenção da identidade artística, sem ceder às pressões do mercado. Em suas palavras, ela compartilha uma reflexão importante sobre a escolha do caminho artístico: "A grande espada suspensa na cabeça de todos nós é o acolhimento imediato, fazer sucesso rápido. Não importa a porta, o que importa é entrar. Aí é que mora o perigo. Se você faz concessão, vai passar o resto da vida fazendo concessão. Melhor seguir pela porta estreita e ter paz de consciência."

Essa postura de integridade é algo que Cátia de França defende não apenas para si, mas também como uma mensagem para os novos artistas. Ela enfatiza que a verdadeira missão do artista é honrar o compromisso com a arte, com a cultura e com a verdade.

Perguntada sobre o recado que daria para a Cátia de França que, em 1979, lançou '20 Palavras ao Redor do Sol', a cantora disse que falaria sobre a importância do tempo. "Perdi muito tempo. Claro que isso vinha da minha timidez, sou uma pessoa extremamente tímida, tive que ter coragem para cantar no Festival de Música Universitária, que a vaia 'come no centro'. Então eu comecei a recorrer a bebida em 66, fui parar em 90 e pouco, perdi um tempo imenso com álcool. Mas hoje, quando a gente chega a uma certa idade, eu com 78 anos de idade, então as alegrias não são engarrafadas, nem enroladas em papel. É uma coisa de Deus me deu a missão e eu tenho de cumprir da melhor forma possível e não esquecer do compromisso que o artista tem. Então é isso que eu diria: não perca tempo, Cátia de França!"

A artista segue firme em na missão de transmitir arte, vivências e sabedoria para as futuras gerações, mantendo-se fiel às raízes nordestinas e à identidade paraibana, mas também aberta às influências globais.



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