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Pesquisa aponta aumento recorde de violência política nas Eleições de 2024

Entre novembro de 2022 e outubro de 2024, foram registrados 714 casos de violência política

Por Redação T5 Publicado em
Tanto eleitores quanto candidatos só poderão ser presos dois dias depois da votação, salvo casos de flagrante delito
Mulheres foram principal alvo da violência política (Agência Brasil)

A campanha eleitoral de 2024 se tornou a mais violenta da última década, segundo pesquisa realizada pelas organizações Justiça Global e Terra de Direitos. Entre novembro de 2022 e outubro de 2024, foram registrados 714 casos de violência política, incluindo assassinatos, atentados, ameaças, agressões físicas, ofensas, e outras formas de perseguição a candidatos e candidatas. Este número representa o maior índice desde o início da série histórica em 2016, com um aumento significativo em relação às eleições de 2020, quando foram registrados 214 casos.

O estudo revela um aumento drástico no número de episódios violentos nos pleitos municipais, com destaque para as eleições de 2024. O número de casos em comparação com 2020 subiu de forma alarmante: de 214 para 558 registros, um crescimento de 344 casos, ou seja, cerca de 2,6 vezes mais do que em 2020. Em relação a 2016, o aumento foi ainda mais expressivo, com uma elevação de 12 vezes no número de ocorrências.

A violência política, segundo as pesquisadoras, tem sido mais intensa durante os pleitos municipais, muitas vezes associada a disputas territoriais. Gisele Barbieri, coordenadora de Incidência Política da Terra de Direitos, aponta que a falta de respostas adequadas do Estado e a impunidade contribuem para a naturalização da violência, o que acaba tornando essas ocorrências cada vez mais frequentes e graves.

Um dado alarmante da pesquisa é o aumento da violência direcionada às mulheres. De um total de 714 casos registrados, 274 foram direcionados a mulheres (candidatas, pré-candidatas e suas assessorias), o que representa cerca de 38% dos incidentes. A maioria dessas mulheres foi alvo de ameaças e ofensas, muitas vezes perpetradas em ambientes virtuais.

As ameaças nas redes sociais aumentaram significativamente, sendo uma das formas mais recorrentes de violência contra mulheres, com 40% das ocorrências envolvendo ataques digitais. As mulheres negras e pardas também enfrentaram uma quantidade significativa de violência, com 126 casos registrados. As ameaças de estupro também foram uma triste realidade, com 19 registros neste período.

A falta de uma regulação eficaz da internet tem sido um fator crucial para o aumento da violência digital. Muitas ameaças e ataques contra candidatos e candidatas são realizados por meio de redes sociais, e-mail e outras plataformas digitais, onde os agressores podem se esconder facilmente. Daniele Duarte, da Justiça Global, destaca que a falta de uma legislação eficaz para lidar com crimes virtuais dificulta a identificação e punição dos responsáveis.

Este ano, de acordo com o levantamento, ocorreram 558 casos de violência política, sendo 27 assassinatos, 129 atentados, 224 ameaças, 71 agressões físicas, 81 ofensas, 16 criminalizações e 10 invasões. A ameaça foi o tipo de violência mais recorrente, representando quase 40% dos casos. O estado de São Paulo foi o mais afetado, com 108 ocorrências, seguido pelos estados do Rio de Janeiro (69), Bahia (57) e Minas Gerais (49).

As entidades envolvidas na pesquisa ressaltam a urgente necessidade de ações por parte do poder público para combater a violência política, como a criação de programas efetivos para proteger candidatos e candidatas, especialmente em mandatos coletivos e equipes de campanha. Além disso, é fundamental o aperfeiçoamento das leis relacionadas à violência política e aumento da segurança para quem atua no processo eleitoral.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também foi apontado como um ator chave nesse combate, com a necessidade de campanhas contra discursos de ódio, racismo e violência de gênero. O estudo defende a articulação entre a sociedade civil, instituições democráticas e partidos políticos para combater a violência e fortalecer a democracia no Brasil.



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