"Casas tremem": comunidade sente efeitos do avanço do mar em Baía da Traição, na PB
Em novembro de 2024, o município, com 9.200 habitantes, decretou estado de calamidade pública nas áreas mais afetadas
Na cidade de Baía da Traição, localizada no Litoral Norte da Paraíba, a 82 km de João Pessoa, o avanço do mar tem colocado em risco a vida dos moradores da região de Aldeia Forte. O fenômeno da erosão costeira, que já vinha se intensificando ao longo dos anos, piorou com a urbanização desordenada e, mais recentemente, com os efeitos das mudanças climáticas. Em novembro de 2024, o município, com 9.200 habitantes, decretou estado de calamidade pública nas áreas mais afetadas, como a Praia do Forte, em função do impacto da erosão. O assunto foi destaque em uma reportagem do site Ecoa UOL.
O líder indígena Antônio Pessoa Gomes Cacique, conhecido como Cacique Caboquinho, alerta para o grave problema que afeta a comunidade há décadas. Segundo ele, o avanço do mar tem provocado tremores nas casas, resultado da ação das ondas, que agem "por baixo" do solo e fazem o terreno ceder. Estima-se que o mar já tenha avançado mais de 5 metros na região. O cacique destaca que, até agora, 26 famílias tiveram que ser deslocadas e que novas realocações podem ser necessárias, especialmente com a maré alta prevista para janeiro, que pode agravar ainda mais a situação.
O processo de erosão é uma combinação de fatores naturais e da intervenção humana, como a remoção de manguezais e restingas e a ocupação desordenada da costa. Celso Augusto Guimarães Santos, professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UFPB, aponta que a falta de planejamento urbano e o crescimento descontrolado da cidade ao longo das últimas décadas contribuíram significativamente para a aceleração da erosão. Além disso, ele explica que a alteração climática, com o aumento da frequência de tempestades e outros eventos extremos, tem intensificado o problema.
Os danos causados pela erosão são devastadores não apenas para os imóveis, mas também para o meio ambiente. A destruição de áreas de mangue e dunas compromete a biodiversidade local, enquanto a salinização dos solos prejudica tanto a agricultura quanto a qualidade da água disponível para as comunidades. O impacto também é social, com a redução da pesca artesanal, que serve de fonte de renda para muitas famílias.
Especialistas sugerem que, para mitigar os efeitos da erosão, medidas como a construção de quebra-mares e outras estruturas de proteção podem ser uma solução, mas essas ações precisam ser planejadas com cautela, para não agravar ainda mais o desequilíbrio ambiental.