Bolsonaro e outras 36 pessoas são indiciadas por tentativa de golpe de Estado
Com a conclusão do inquérito, a PF declarou encerrada a fase de investigações
A Polícia Federal (PF) concluiu, nesta quinta-feira (21), o inquérito sobre a existência de uma suposta organização criminosa que teria atuado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva e o vice, Geraldo Alckmin, eleitos em 2022. Segundo a PF, o grupo visava evitar a sucessão do então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas eleições presidenciais. O relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre os indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e formação de organização criminosa estão Jair Bolsonaro, o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno, e o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, que atuava como ajudante de ordens de Bolsonaro. Também foram indiciados Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), e Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa.
Além dessas figuras, outras 30 pessoas foram indiciadas, incluindo militares, advogados e ex-funcionários de confiança do governo. Os nomes dos indiciados foram divulgados pela PF, que informou ter conduzido as investigações ao longo de quase dois anos, empregando medidas como quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário e fiscal, além de colaboração premiada, buscas e apreensões autorizadas pela Justiça.
De acordo com as conclusões do inquérito, o grupo se organizava em seis núcleos com diferentes funções: o de desinformação e ataques ao sistema eleitoral; o núcleo que buscava incitar militares a aderirem ao golpe; o núcleo jurídico; o operacional de apoio às ações golpistas; o de inteligência paralela; e o núcleo operacional para o cumprimento de medidas coercitivas. Essa divisão permitiu, segundo a PF, identificar as responsabilidades individuais dos envolvidos.
Com a conclusão do inquérito, a PF declarou encerrada a fase de investigações referentes às tentativas de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Resposta de Bolsonaro
Nas redes sociais, o ex-presidente Jair Bolsonaro se manifestou após o incidiamento. Segundo ele, “o ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei. Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse Bolsonaro.