Palavras que ferem: entenda como o racismo pode estar na sua linguagem
Expressões populares, muitas vezes usadas de forma inconsciente, carregam um peso histórico que remete ao período de escravidão no Brasil e perpetuam preconceitos raciais
Em alusão à Semana da Consciência Negra, o Portal T5 preparou uma matéria especial para refletir sobre como o racismo pode estar presente na linguagem cotidiana. Expressões populares, muitas vezes usadas de forma inconsciente, carregam um peso histórico que remete ao período de escravidão no Brasil e perpetuam preconceitos raciais.
Frases como "lista negra", "mercado negro" e "ovelha negra" são alguns exemplos em que a associação entre a cor preta e algo negativo é evidente. No entanto, há expressões menos óbvias que também têm origens ligadas à discriminação racial ou ganharam conotações preconceituosas ao longo do tempo.
Para estimular essa reflexão, listamos algumas expressões, explicando seus significados e oferecendo sugestões de substituição:
- "Da cor do pecado": Embora pareça um elogio, essa expressão remete à hipersexualização de corpos negros, prática que vem desde o período colonial. Evite usá-la e busque outros elogios que valorizem a pessoa sem reforçar estereótipos.
- "Dar com pau": Usada para indicar algo em abundância, a expressão tem origem nos navios negreiros, onde objetos eram usados para forçar a alimentação de escravizados. Substitua por alternativas como "tinha muita gente" ou "em grande quantidade".
- "Nas coxas": Comumente associada a algo malfeito, há uma interpretação de que ela remete ao trabalho de escravizados moldando telhas de barro. Prefira termos como "mal acabado" ou "feito às pressas".
- "Denegrir": Derivada do latim denigrāre ("enegrecer"), essa palavra reforça a associação entre o negro e algo ruim. Substitua por "difamar" ou "desmerecer".
- "Meia-tigela": Possivelmente associada à ração reduzida dada a escravizados, a expressão ganhou conotação de algo de pouco valor. Use "sem importância" ou "medíocre" para substituir.
Durante a Semana da Consciência Negra, além de eventos culturais e debates, essa também é uma oportunidade de rever atitudes e combater o racismo em todas as suas formas. Afinal, palavras importam.