Brasil celebra 135 anos da Proclamação da República nesta sexta-feira
Feriado nacional relembra movimento militar que encerrou monarquia de 67 anos no país
Os brasileiros comemoram nesta sexta-feira (15) os 135 anos da Proclamação da República. Em1889, o Brasil deixou de ser uma monarquia depois de anos de tensões políticas, insatisfação social e crises econômicas que culminaram na deposição de Dom Pedro II. Embora tenha sido uma virada significativa na história brasileira, a Proclamação da República foi marcada pela ausência de participação popular, sendo essencialmente uma ação conduzida por militares e setores descontentes da elite.
A insatisfação entre os militares foi uma das forças motrizes por trás da queda da monarquia. Após a Guerra do Paraguai, entre 1864 e 1870, o descontentamento aumentou, especialmente entre os oficiais do Exército, que se sentiam desvalorizados pelo governo imperial. A monarquia não conseguiu acompanhar as aspirações de modernização e reconhecimento desses setores, o que contribuiu para a formação de um movimento antimonárquico nos círculos militares. O Marechal Deodoro da Fonseca, um general monarquista que inicialmente relutava em apoiar a causa republicana, acabou liderando a conspiração que depôs o governo imperial.
Além dos militares, o clima político da década de 1880 foi marcado pela crescente influência de movimentos republicanos. Grupos como os republicanos do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, além de partidos políticos, desempenharam um papel crucial na disseminação das ideias republicanas. A imprensa, associações e confrarias ajudaram a espalhar o descontentamento com a monarquia, em um momento em que a corrupção, a miséria e a falta de liberdade política eram amplamente criticadas. Mesmo setores tradicionalmente conservadores, como os "barões do café" paulistas, passaram a apoiar a mudança de regime após se sentirem prejudicados pelo centralismo do Império.
A abolição da escravidão, em 1888, foi outro fator decisivo que enfraqueceu a monarquia. Ao libertar os escravizados, o Império perdeu o apoio de poderosas elites agrárias, que se sentiram traídas pela perda de sua principal força de trabalho. Esse rompimento com a base econômica que sustentava o Império acelerou o colapso do sistema monárquico e inclinou a balança a favor dos republicanos.
No início de novembro de 1889, a situação política chegou a um ponto crítico. Dom Pedro II estava em Petrópolis, distante dos acontecimentos na capital, quando um grupo de republicanos, incluindo o jurista Rui Barbosa e o militar Benjamin Constant, convenceu o Marechal Deodoro da Fonseca a liderar a deposição do governo. No dia 15 de novembro, sem resistência, Deodoro proclamou a República, destituiu o então Presidente do Conselho de Ministros, Visconde de Ouro Preto, e estabeleceu um governo provisório.
Apenas dois dias depois da proclamação, Dom Pedro II e a família imperial foram exilados para a Europa. O Brasil, então, passou a se chamar República dos Estados Unidos do Brasil, com Deodoro da Fonseca assumindo como o primeiro presidente do país.