Chuva intensa e fenômeno climático provocam tragédia na Espanha; 89 desaparecidos e 217 mortos
Tribunal Superior de Valência indicou que o número de desaparecidos pode ser maior, já que a contagem atual se baseia apenas nos casos reportados por familiares que forneceram dados biológicos para a identificação
Na madrugada desta quarta-feira (6), as autoridades espanholas atualizaram os números da tragédia climática que devastou o país na semana passada. Até o momento, 217 mortes foram confirmadas, sendo 211 em Valência, a cidade mais atingida, enquanto 89 pessoas ainda estão desaparecidas.
O Tribunal Superior de Valência indicou que o número de desaparecidos pode ser maior, já que a contagem atual se baseia apenas nos casos reportados por familiares que forneceram dados biológicos para a identificação. O governo espanhol também reconheceu que a situação pode ser mais grave do que o balanço oficial aponta.
Além disso, o Instituto de Medicina Legal da Espanha está aguardando a identificação de 62 corpos encontrados nas áreas mais atingidas. O país tem enfrentado dias de destruição após uma onda de chuvas torrenciais, com Barcelona, por exemplo, tendo seu aeroporto inundado e dezenas de voos cancelados. Rodovias e transportes públicos também foram severamente afetados.
Para auxiliar nas operações de resgate e socorro, o primeiro-ministro Pedro Sánchez mobilizou aproximadamente 10 mil militares. Em uma declaração, o líder espanhol anunciou que a segurança foi reforçada após saques em estabelecimentos comerciais nas áreas atingidas.
Previsão de mais chuvas e o impacto climático
A Agência Estatal de Meteorologia da Espanha alertou que a quarta-feira (6) será marcada por chuvas moderadas na região leste do país, onde Valência se encontra, o que pode continuar a agravar a situação.
Causas da tragédia: um fenômeno climático e seca prolongada
De acordo com o relatório da Agência Estatal de Meteorologia, entre 1º e 29 de outubro, a quantidade de chuva registrada foi 89% superior à do mesmo período em 2023. Em Valência, o volume de precipitação nas últimas horas foi equivalente ao que era esperado para o ano inteiro, o que contribuiu para a rápida e devastadora inundação.
A tragédia é explicada principalmente por dois fatores. O primeiro é o fenômeno climático conhecido como DANA (Depressão Isolada em Altos Níveis), que concentra chuvas intensas em áreas específicas. Esse fenômeno ocorre quando o ar quente e úmido do Mediterrâneo encontra uma camada de ar frio, formando nuvens de tempestade e resultando em chuvas torrenciais.
O segundo fator que agravou a situação é a seca prolongada na região, que já dura quase dois anos. Com o solo endurecido e incapaz de absorver rapidamente a água, o fluxo de água das chuvas se acumulou rapidamente, provocando as enchentes e inundações devastadoras.
A costa mediterrânea da Espanha, que já é suscetível a tempestades de outono, vivenciou sua pior catástrofe climática neste século. Especialistas alertam que, com o aquecimento global, eventos climáticos extremos, como tempestades e enchentes, devem se tornar mais frequentes, colocando áreas costeiras em risco.