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PF cumpre mandados na PB contra espanhol investigado por traficar diamantes de sangue

Espanhol foi detido em Málaga, na Espanha, no último sábado (6)

Por Gabriela Lins Publicado em
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m Lucena, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão em imóveis pertencentes ao referido cidadão espanhol (Foto: Divulgação/Polícia Federal)

A Polícia Federal cumpriu nesta quarta-feira (10) mandados de busca e apreensão na cidade de Lucena, localizada na região metropolitana de João Pessoa, para investigar um esquema de lavagem de dinheiro proveniente do comércio ilegal de diamantes de sangue. A ação também visa apurar a violação de direitos humanos em Serra Leoa, na África.

A investigação da lavagem de dinheiro é decorrente de uma cooperação internacional com a Polícia Nacional espanhola, que apura crimes contra a humanidade e atividades de organizações criminosas praticadas pelos mesmos investigados.

No último sábado (6) a Polícia Nacional espanhola prendeu um cidadão espanhol em Málaga, logo após seu desembarque de um voo proveniente do Brasil. O homem é empresário e tinha um hotel na Paraíba. Em Lucena, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão em imóveis pertencentes ao referido cidadão espanhol.

Diamantes de Sangue

Os chamados “diamantes de sangue” são pedras preciosas extraídas em zonas de guerra, onde o preço de sua obtenção é a vida de muitas famílias que trabalham nas minas em condições desumanas.

A Polícia Nacional espanhola destacou, em nota, que a detenção do cidadão espanhol foi realizada em Málaga no dia 6 de julho. O detido era responsável por uma rede empresarial que facilitava a circulação e lavagem de diamantes obtidos pelo Frente Revolucionário Unificado (RUF), uma milícia paramilitar de Serra Leoa.


Contexto Internacional e Histórico

Entre 1991 e 2002, Serra Leoa vivenciou uma guerra civil devastadora entre o governo legítimo e opositores armados, resultando em mais de 70.000 mortes e 2,6 milhões de deslocados. O Tribunal Especial para Serra Leoa (TESL) condenou diversos responsáveis por crimes de guerra e contra a humanidade, confirmando que o comércio de diamantes extraídos em condições de escravidão foi uma das principais fontes de financiamento do conflito.

A investigação internacional começou em 2020, após uma denúncia de uma vítima civil que trabalhou como escravo em uma das minas da milícia. A Comisaría General de Información da Polícia Nacional espanhola, que tem a função de investigar crimes contra a humanidade, liderou a operação com apoio da comunidade internacional.

Desdobramentos e Colaboração Internacional

O espanhol detido em Málaga havia criado e coordenado nos anos 90 um esquema empresarial com sedes em diversos países, incluindo a Libéria. A milícia RUF usava crianças soldados para controlar minas em Kono e Boedu, e os diamantes eram vendidos a empresas internacionais após serem branqueados como se fossem extraídos legalmente na Libéria.

A operação foi coordenada pela Fiscalia de la Audiencia Nacional e dirigida pelo Juzgado Central de Instrucción número Uno. A colaboração da Polícia Federal brasileira foi essencial para o sucesso da operação, pois ela avisou a polícia nacional espanhola sobre o embarque e destino do acusado.

Confira o vídeo do momento da prisão:



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