Hospital de Trauma de João Pessoa recebeu mais de 500 vítimas de queimaduras em 2024
Os dados correspondem o período de janeiro a maio desse ano
O Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, está promovendo a Campanha de Prevenção às Queimaduras ‘Marcas que Ficam Para Sempre’ durante todo o mês de junho. A iniciativa visa alertar e diminuir os acidentes envolvendo queimaduras, especialmente relacionados a fogos de artifício.
De janeiro a maio deste ano, a unidade já registrou 505 atendimentos de vítimas de queimaduras. Em 2023, foram 971 pessoas atendidas, com as principais causas sendo:
- Líquidos em alta temperatura (539 casos)
- Contato com objetos quentes (142 casos)
- Fogo (83 casos)
- Produtos químicos (50 casos)
- Fogos de artifício (23 casos)
- Insolação (5 casos)
- Caravelas (5 casos)
- Eletricidade (1 caso) e outros.
O diretor-geral do hospital, Laecio Bragante, destaca que o Hospital de Trauma de João Pessoa é a única referência para queimaduras na 1ª macrorregião paraibana, que abrange mais de 20 municípios. “Antes deste hospital, não tínhamos nenhum hospital de referência para esse atendimento. Felizmente, contamos hoje com a nossa unidade de saúde que leva esse atendimento de excelência à sociedade. Nosso hospital é referência para pequena ou grande queimadura, por isso estamos preparados para atender a todos que precisarem dos nossos serviços neste período”, ressaltou Bragante.
Ele também enfatiza a importância da prevenção durante os festejos juninos. “Queremos que a população comemore o mês junino com muita alegria e diversão. Por isso, o objetivo da nossa campanha é diminuir os números de crianças e adolescentes com queimaduras de forma significativa e, para isso, precisamos contar com a ajuda da população para propagar a informação dos perigos dos fogos de artifício e fogueiras. Porque o hospital não é o lugar de se comemorar as festas juninas e sim ao lado dos amigos e familiares”, salientou.
O coordenador médico da Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ), Emilton Amaral, alerta para o aumento de queimaduras por fogos de artifício em junho. “Em nossa unidade, os casos de queimaduras por fogos, neste período, conseguem dobrar. Só não é pior por causa da nossa campanha, por isso, é tão importante alertar à população”, enfatizou.
No caso de queimaduras, é essencial buscar atendimento no Hospital de Trauma. No entanto, Emilton Amaral aconselha cuidados imediatos. “Logo após o acidente, a queimadura deve ser resfriada com água corrente em temperatura ambiente e protegida com um pano limpo para evitar infecção. Não se deve utilizar outros produtos ou substâncias, sob o risco de piorar a queimadura. Recebemos casos de pessoas que usam manteiga, borra de café, clara de ovo, água sanitária, produtos sujos e contaminados. Isso pode transformar uma queimadura superficial em uma lesão profunda”, comentou Amaral.
Caso emblemático
Um caso emblemático destaca a gravidade dos acidentes com fogos de artifício. Em 5 de dezembro de 2022, um homem perdeu dois dedos da mão direita ao soltar fogos para comemorar um gol do Brasil contra a Coreia do Sul, durante as oitavas de final da Copa do Mundo FIFA 2022. O acidente ocorreu em Santa Rita, região metropolitana de João Pessoa. O Corpo de Bombeiros foi chamado, prestou os primeiros socorros e encaminhou o homem ao Hospital de Emergência e Trauma da capital.
A esposa do homem ferido relatou que ele chegou do trabalho e foi assistir ao jogo. Quando a seleção brasileira marcou um gol, ele encaixou um rojão em outro e soltou o explosivo, que disparou na direção oposta, atingindo sua mão direita.
Mudança na legislação
A legislação também está mudando. Em 14 de maio de 2024, o Diário Oficial da Paraíba publicou a sanção da lei que proíbe a fabricação, comercialização, guarda, transporte e uso de fogos de artifício que “produzam poluição sonora”. A lei entra em vigor nove meses após a publicação, não sendo válida para os festejos juninos deste ano. A medida inclui fogos de grande porte, como bombas e morteiros, além de morteirinhos de jardim, serpentes voadoras, foguetes com ou sem flecha, busca-pés e sinalizadores navais. A fiscalização será feita pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema), que pode estabelecer convênios com a Polícia Militar (PM).