Atendimento a grávidas vítimas de violência saltou 45% em João Pessoa, diz ICV
O Instituto Cândida Vargas (ICV) é uma das maternidades de referência da capital para casos de violência
O Instituto Cândida Vargas (ICV), vinculado à rede hospitalar da Prefeitura de João Pessoa, divulgou, em reunião realizada nesta sexta-feira (26), números preocupantes de casos de mulheres que foram vítimas de violência. O levantamento destaca também os perfis das vítimas, medidas preventivas e procedimentos adotados para auxiliar as pacientes em situações de violência.
De 2020 pra cá, o percentual de aumento dos atendimentos a casos de violência saltou 44,75%.
Segundo os dados apresentados, em 2019 foram registrados 152 casos de violência contra mulheres. Houve uma ligeira redução em 2020, com 143 vítimas. Contudo, em 2021, os números voltaram a crescer, totalizando 159 casos. O ano de 2022 apresentou um aumento mais alarmante, atingindo 213 mulheres vítimas de violência. Já em 2023, houve uma queda, mas ainda foram registrados 207 casos.
A coordenadora médica do ICV, Dolores Suassuna, destacou que a equipe está disponível como porto seguro para todas as mulheres que buscam auxílio diante da violência. Ela ressaltou o compromisso do Instituto em oferecer suporte imediato, além de assegurar atendimento pós-urgência por seis meses, incluindo exames para identificar e tratar possíveis sequelas.
De acordo com os dados apresentados, as mulheres adultas, principalmente na faixa etária de 20 a 34 anos, lideram em número de atendimentos, seguindo uma tendência nacional. A faixa de 10 a 14 anos ocupa o segundo lugar, associada a casos de estupro de vulnerável.
A psicóloga e coordenadora multiprofissional do Instituto Cândida Vargas, Sandra Garcia, ressaltou a importância do processo de atendimento, destacando o compromisso em proporcionar um ambiente de acolhimento e atenção integral. Ela explicou que, após a unidade de testagem, as pacientes passam por uma equipe interdisciplinar que realiza uma escuta simultânea, identificando cada caso e determinando os encaminhamentos necessários.
A profissional também esclareceu que, se a mulher sofrer abuso sexual até 72 horas antes do atendimento, é feita profilaxia como forma de prevenção das ISTs e gravidez indesejada. Após o atendimento hospitalar, a usuária terá acompanhamento médico e psicossocial ambulatorial por seis meses no ICV.
Em casos de gravidez proveniente de estupro, a gestante terá opções, podendo escolher fazer o pré-natal no ambulatório do ICV, ficar com o recém-nascido ou optar pela doação, seguindo o fluxo do projeto 'Entrega Protegida'. Caso esteja até 20 semanas de gestação, terá direito ao aborto legal, conforme previsto em lei. Para adolescentes, a continuação do atendimento será no Hospital Arlinda Marques, da rede estadual.
A coordenadora enfatizou que, embora a classificação de risco do Ministério da Saúde para mulheres vítimas de violência seja considerada laranja, no ICV utiliza-se a classificação vermelha, buscando minimizar a exposição da paciente e agilizar o processo.
Registros dos Atendimentos às Mulheres Vítimas de Violência:
- 2019: 152 casos
- 2020: 143 casos
- 2021: 159 casos
- 2022: 213 casos
- 2023: 207 casos