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Violência armada

Nove bebês são vítimas de armas de fogo em menos de três anos na Grande João Pessoa

Entre 2021 e 2023, pelo menos 24 crianças de até 12 anos foram feridas à bala

Por Juliana Alves Publicado em
Criança durante tratamento em unidade pública de saúde, em João Pessoa.
Criança durante tratamento em unidade pública de saúde, em João Pessoa. (Foto: Arquivo/Assessoria-PMJP)

Davi, de sete anos, estava com a família quando foi atingido por uma bala perdida. O crime aconteceu há onze dias em Cabedelo, na Paraíba. Desde a última atualização do Hospital de Emergência e Trauma, o paciente está internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e com risco de ficar paraplégico. Davi é uma das cinco crianças vítimas da violência armada na Região Metropolitana de João Pessoa socorridas em 2023.

O Portal T5 solicitou à unidade de saúde, que é referência neste tipo de atendimento, um levantamento sobre a quantidade de crianças vítimas de arma de fogo nos últimos três anos. Os dados revelam que, entre 2021 e 2023, pelo menos 24 crianças ficaram feridas por causa da violência armada na Grande João Pessoa. Dessas, nove eram bebês.

Para entender esse cenário trágico, o T5 conversou com a antropóloga e professora Flávia Pires. Segundo ela, os dados refletem as consequências do incentivo ao armamento no Brasil nos últimos anos, que afeta principalmente os mais pobres. “Essas crianças vítimas da violência armada são pretas, pobres e moram em áreas periféricas. Elas vivem onde a polícia é mais violenta, onde o Estado não protege do crime, onde estão submetidas a situações de perigo constantemente”, pontuou a especialista.

É importante dizer que as balas perdidas no Brasil têm endereço certo. Não é qualquer criança que é atingida por uma bala perdida; são crianças que estão em áreas de constante conflito - de polícia com tráfico, pontuou.

Sequelas

É impossível mensurar as marcas de uma violência nas pessoas que são vítimas dela. Mas, na análise da antropóloga, as crianças atingidas pela violência armada podem desenvolver distúrbios e problemas psicológicos. “Elas podem ter pesadelos, desenvolver uma visão negativa da sociedade, do meio coletivo. Além disso, essas crianças podem ter medo de sair de casa e uma série de consequências que são muito ruins para o desenvolvimento delas”, afirmou Flávia Pires.

E a segurança?

A reportagem entrou em contato com a Secretaria da Segurança e da Defesa Social da Paraíba (Sesds) para saber quais as ações estão sendo feitas para evitar que crianças sejam vítimas da violência armada e para aumentar a sensação de segurança no estado. Em nota, a pastas informou que tem coordenado e implementado estratégias rigorosas e direcionadas.

"Uma das principais abordagens tem sido a intensificação das operações policiais em áreas identificadas como pontos críticos de criminalidade. Essas ações incluem patrulhamento ostensivo, abordagens a suspeitos e apreensões de armas de fogo ilegais, visando desarmar criminosos e reduzir a incidência de tiroteios", afirmou a Sesds.

Os suspeitos do ataque a tiros que vitimou o Davi, em Cabedelo, não haviam sido presos até a publicação desta matéria. A informação é da Major Viviane, comandante da 6ª Companhia da Polícia Militar.

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