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Entrevista | Zé Lezin fala sobre 40 anos de carreira e comenta rumores de que está com Parkinson

Em entrevista exclusiva, artista fala ao Portal T5 sobre as quatro décadas no humor e que, por conta da saúde, pensa em reduzir agenda de shows

Por Cristiano Sacramento Publicado em
Zé Lezin completa 40 anos de carreira
Zé Lezin completa 40 anos de carreira (Foto: Divulgação)

O paraibano Nairon Oseas Alves Barreto chega aos 40 anos de carreira descritos em um legado: fazer rir. Com as histórias do povo que descreve como ‘matuto’, o humorista de 64 anos se consolidou como um dos maiores representantes do entretenimento brasileiro.

Em João Pessoa, o artista reside e encontra tranquilidade. O Portal T5 conversou com com o criador do Zé Lezin, que detalhou a carreira, a saúde e o que espera do futuro.


O início, na década de 1980, começou pelas rodovias brasileiras. Através da arte no microfone visitou todas regiões do país. Foi além, já levou felicidade para solo internacional.

Zé Lezin, o nascimento

Foi na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde cursou Comunicação Social e Direito, que Nairon recebeu incentivo para as artes. “Naquela época a universidade financiou para a gente estudar e trabalhar com cultura”, afirmou.

Zé que no início começou gravando fita cassete. Foi neste momento que surgiu o primeiro dilema: quanto teve que abandonar o primeiro nome artístico, Zé Paraíba. “Essas fitas (com conteúdo humorístico) começaram a ir para mãos de caminhoneiros. Elas começaram a rodar o Brasil e foram disseminadas”, adiantou.

Nairon descreve que, a partir daí, foi fazer eventos em vários locais do país, como Rio Grande do Norte, Pernambuco e Brasília. Numa dessas participações, recebeu uma ligação.

“Um homem, ao que me parece de São José de Piranhas, no Sertão - não sei se ele está vivo ainda... E aí ele se chamava Zé Paraíba, forrozeiro. Tinha pra mais de 40 LP’s na praça. Mas, eu não sabia da existência dele porque eu vivia no meu ‘mundinho’ Paraíba, né”, disse Zé Lezin.

E continuou: “E aí, nessa ligação, foi informado sobre o choque dos nomes - que eram a mesma coisa. Diziam que estava causando um constrangimento porque ele tocava forró. E aí que um dia, numa apresentação de forró, pediram para contar piada. E alguém saiu com raiva. Eu disse: olhe meu amigo, tudo bem. Mudar nome não tem problema”.

“Se aparecer um Zé Lezin mais velho que eu, eu mudo. Boto Zé Toin, isso não é problema. Porque mesmo assim tem gente que chama de ‘Zé Paraíba’. Estanho é me chamar de Nairon, nome que minha mãe colocou em mim”, brincou.

Chico Anysio

Das fitas e estradas, Zé foi parar na televisão. E mais, para contracenar com um ídolo: Chico Anysio. Pontua que este foi um dos ápices de seu trabalho como humorista.

Descobri que ele era uma criança. Esse é um dos grandes que já vimos”, descreveu. Junto à ida ao Sudeste, destaca que combateu o preconceito com uma das melhores armas: a inteligência.

“Nunca deixei que ninguém passasse dos limites comigo. Tem aquela onda, né. Os menos esclarecidos, que não conhecem nada do Brasil, gostam de soltar umas piadinhas. Mas, aí, a gente responde com inteligência”,  concluiu.

Família e saúde

Nairon conta que hoje trabalha com a ‘menor equipe do mundo’. “Olhe, sou eu, meu sobrinho Rafael e meu irmão Cacá”. O comediante descreve que a dificuldade de voos para destinos específicos na região Nordeste e alguns trechos do Brasil faz o trabalho ser cansativo.

“Esse é um desafio e tanto. Você, quando quer viajar a cidades cujos estados têm capitais menores, como Natal, Maceió, Aracaju e até João Pessoa, acaba tendo muito contratempo com relação à malha aérea reduzida”

Mas, também sinaliza que não consegue dizer não às apresentações no Nordeste. “Tenho ciência que o corpo pede descanso, mas se a agenda é no Nordeste, geralmente eu topo”, completou.

Tremores 

Aos 64 anos, Nairon apresenta tremores nas mãos. A patologia é conhecida como tremores essenciais. Segundo ele, alguns fãs já perguntaram se era Parkinson durante os shows.

“Já parei apresentações para contar para as pessoas. Esse é uma questão hereditária, de família. Meus avós, pais tiveram. Agora meu irmão e minha filha também tem. É uma coisa que estamos aprendendo a viver. Além disso, estamos investigando. Há algumas alternativas para cessá-los. Hoje faço uso de medicação para pressão que ajuda no controle”, disse.

O humorista conta que a patologia se acentuou durante a pandemia da Covid-19. “Tem uma relação com minha ansiedade. Como apareceu no período de isolamento, é um processo. O importante de falar sobre esse tema é que a patologia tem uma inclinação para levar o indivíduo à alcoolemia. Isso porque se você tomar uma dose de algo, tende a parar. Então, são situações que estamos avaliando”.

O que são tremores essenciais?

Segundo o Ministério da Saúde, o tremor essencial é um distúrbio neurológico do movimento que geralmente afeta as mãos, mas que também pode afetar a cabeça, a voz e as pernas. A patologia é confundida com Parkinson.

Não é uma doença fatal mas prejudica a qualidade de vida das pessoas que passam a ter dificuldades com tarefas comuns do cotidiano, como o ato de segurar uma xícara ou um talher ou digitar, por exemplo.

O tremor diminui ou some por completo quando o paciente está em repouso e só aparece mais forte quando o paciente se movimenta ou está agitado e piora muito quando fica ansioso ou nervoso.

Parada

Nairon limita-se em dizer que entende a importância de uma redução nas agendas de gravações e compromissos com shows. “Disso eu sei. A máquina que é o corpo reclama, principalmente pelas nossas viagens, que são cansativas”, pontua.

Mas, não avista, em horizonte próximo, o momento da aposentadoria. Para isso, revela cuidar da mente, seu principal instrumento de trabalho. “Nesses anos todos são mais de 15 shows escritos. E está tudo aqui, na cabeça. Não tem papel. Por isso cuido desse equipamento com bastante leitura, pesquisa e conhecimento”.

Sei que um dia terei um reencontro com Chico (Anysio), mas isso a gente nunca sabe quanto”, finalizou.



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