Alta demanda na Justiça retarda processo contra médico por agressão
Crimes ganharam repercussão há um mês, após compartilhamento das imagens de grave violência doméstica
O processo jurídico envolvendo o médico João Paulo Souto Casado, investigado por agredir a ex-esposa, em um elevador de um condomínio residencial, em João Pessoa, só terá desdobramentos em 2024. O crime ganhou repercussão há um mês, quando imagens das agressões ganharam a mídia e as redes sociais, após divulgação do site Paraíba Feminina.
Em segredo judicial, a denúncia foi oferecida pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) no dia 26 de setembro. Ao Portal T5, o promotor Rogério Lucas informou que o réu já foi citado pelo MPPB. Na sequência, devem ser ouvidas as testemunhas de defesa e acusação, além da vítima. Contudo, as novas etapas só devem ser realizadas no próximo ano, por conta da alta demanda do órgão até o fim de 2023. Enquanto isso, o homem responde ao processo em liberdade.
A vítima
As agressões aconteceram em setembro de 2022, mas a divulgação das imagens ocorreu apenas este ano. A estudante de medicina e enfermeira Rafaella Lima, 32 anos, falou sobre a rotina de violência que sofreu.
A profissional de saúde afirma que as agressões físicas e verbais aconteciam em casa e na rua. "Eu fui agredida outras vezes dentro de casa, quando estava só eu e ele. Era a mesma coisa na frente das câmeras [...] Sempre tentava me humilhar, me diminuir… Sempre dizia que eu não ia chegar a lugar nenhum e que eu necessitava dele."
A vítima conta que fotografou hematomas das agressões para que tivesse provas do crime. "Eu já entendia que aquilo era algo errado e que precisaria daquilo (as imagens). Se, com todas as provas e todos os vídeos, ainda me questionam, imagina só com as palavras."
Um dos vídeos que mais circulou nas redes sociais, remonta a uma agressão em um elevador de prédio. Sobre esse caso, Rafaella afirma que tentou apaziguar a situação. "A gente tinha pego a criança em casa e ele tava reclamando de algo. Eu só tentei dizer ‘tá bom, João’, mas a última palavra tem que ser a dele. Ele se sente ofendido, se sente como se fosse um atrevimento meu estar respondendo ele."
Veja a entrevista completa:
Após a denúncia
Após a repercussão do crime, João Paulo foi exonerado dos cargos que ocupava no Hospital Ortotrauma de Mangabeira e no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena.
À época, por nota, a secretária de Saúde de João Pessoa, Janine Lucena, disse que após ver as imagens pediu o afastamento do servidor das funções. “Como cidadã, mulher e secretária interina de Saúde, não poderia admitir a permanência em nossos quadros, de um profissional com conduta de tamanha gravidade”, disse. Ao Portal T5, a Secretaria de Saúde da capital paraibana afirmou que ele foi exonerado.
De acordo com a delegada Paula Monalisa, João Paulo já tem um histórico de agressividade e Rafaella não teria sido a única vítima do agressor.
Denuncie
Se você sofre ou presenciou algum tipo de violência contra as mulheres, denuncie. Em caso de emergência, a mulher ou alguém que presencie alguma agressão, pode pedir ajuda por meio do telefone 190, da Polícia Militar.
Na Paraíba, as denúncias podem ser feitas também em qualquer uma das Delegacias da Mulher (Deam) espalhadas em todas as regiões, além do plantão 24 horas na Deam Sul de João Pessoa, que funciona na Central de Polícia.
Além desses locais, o denunciante poderá utilizar os telefones 197 (Polícia Civil), 190 (Polícia Militar, para chamado de urgência) ou o 180 (número nacional de denúncia contra violência doméstica). Outra opção é fazer um registro da denúncia através da delegacia online no endereço: www.delegaciaonline.pb.gov.br
Denúncias de violência contra mulheres também podem ser feitas pelo WhatsApp. Para isso, basta enviar uma mensagem para o número (61) 9610-0180 pelo aplicativo ou pelo link https://wa.me/556196100180?text=oi.
*Com supervisão de Dennison Vasconcelos
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