Entidades comentam denúncias de assédio a pacientes do Trauminha
Segundo o diretor da unidade cirurgias a R$ 4 mil estariam sendo oferecidas a pacientes
O Complexo Hospitalar Governador Tarcísio Burity, conhecido como Trauminha de Mangabeira, em João Pessoa, foi palco de um suposto esquema de extorsão de pacientes internados, no qual cirurgias eram oferecidas de maneira particular com um custo médio de R$ 4 mil. A denúncia veio a público nesta segunda-feira (7), mobilizando o Sindicato dos Médicos da Paraíba e o Conselho Regional de Medicina, que se pronunciaram sobre o caso.
Em uma entrevista à Rádio POP FM, o gestor da unidade de saúde, médico Alexandre Cesar da Cruz, revelou que aproximadamente 20 profissionais de saúde foram afastados do hospital, incluindo maqueiros, recepcionistas e membros da equipe de apoio aos pacientes. Esses profissionais estavam orientando os pacientes a solicitar alta médica para realizar procedimentos fora do hospital, de forma particular. O diretor informou ainda que a identidade dos médicos envolvidos é protegida por esses profissionais afastados, e a prática ilícita era de conhecimento da gestão há cerca de dois anos.
O médico Alexandre Cesar afirmou também que denúncias sobre o esquema já foram encaminhadas ao Ministério Público e à Polícia Civil para investigação.
Representantes do Sindicato dos Médicos da Paraíba e do Conselho Regional de Medicina da Paraíba também se manifestaram após uma reunião com a direção do hospital. O representante do sindicato, Tarcísio Campos, enfatizou que o sindicato se posiciona a favor do devido processo legal e do contraditório. Segundo ele, se as acusações forem comprovadas, os responsáveis devem ser punidos no rigor da lei, porém, é necessário respeitar os princípios legais e garantir que a categoria médica seja defendida adequadamente.
O Conselho Regional de Medicina corroborou a seriedade das acusações e ressaltou que cobrar por procedimentos de pacientes internados pelo sistema único de saúde configura um crime, independentemente da profissão do responsável. O Conselho afirmou que qualquer pessoa que alicie ou coaja pacientes para realizar procedimentos de maneira privada deve ser denunciada às autoridades competentes. Caso um médico esteja envolvido, o Conselho conduzirá uma apuração ética do fato, enquanto questões civis e criminais ficarão a cargo da justiça.
O caso gera preocupação tanto na comunidade médica quanto na população, destacando a importância da integridade ética e da transparência no sistema de saúde. As investigações em curso buscam determinar as ações apropriadas para lidar com esse suposto esquema dentro de um hospital público, visando a manutenção dos padrões de atendimento e conduta profissional adequados.
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