Pretos na liderança: o que significa a nova presidência do Tribunal de Justiça da Paraíba?
Portal T5 ouviu uma estudante e um psicólogo pretos sobre a importância da representatividade.
Pessoas pretas e pardas são maioria da população brasileira, mas continuam sendo as que menos ocupam posições de liderança. Esse cenário está se transformando e vem sendo alterado muito lentamente. Nesta semana, um homem preto escreveu mais um capítulo dessa mudança social na Paraíba: o desembargador João Benedito foi empossado no cargo mais alto do Judiciário paraibano.
Mais do que a capacidade de dirigir o Tribunal de Justiça, a posse de João Benedito representa a possibilidade de mais pessoas pretas alcançarem cargos de decisão. Esse é o sentimento de Letícia Sousa, mulher preta e estudante de Direito. “Nós, negros, estamos na maioria das vezes vinculados a cargos inferiores, a locais relacionados a marginalização", disse ela.
A representatividade do desembargador João Benedito como presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba é importante para que nós possamos perceber que também podemos alcançar essa posição de destaque; e não somente estar associados a posições operacionais ou técnicas
No cérebro e na alma
Para o psicólogo Pedro Santos, quando pessoas pretas se veem representadas em cargos de liderança são ativados estímulos positivos, que movimentam os sonhos delas. “A psicologia entende que a representatividade é importante justamente porque ela inspira, mostra que existem bons exemplos a serem seguidos", afirma. "O negro ele sempre foi muito retratado como marginal ou bandido. E ver médicos, juízes, psicólogos negros faz com que as pessoas vejam que é possível chegar a esses espaços”.
Abrindo caminhos e sendo passagem, pessoas pretas em cargos de liderança são referência para muitas crianças, jovens e adultos. Por isso, é urgente ampliar as oportunidades nesses espaços. Mas, para mudar esse cenário é preciso ter consciência que a desigualdade racial e o racismo são problemas estruturais - que não serão resolvidos tão cedo. Ainda assim, assumir a responsabilidade individual - e o dever - de lutar por igualdade de direitos é um começo.